Com rombo no caixa, prefeito de Vera Cruz decreta situação de emergência

Não é preciso atravessar os 30 km que separam Salvador de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, para saber os malfeitos do ex-prefeito Magno do PT. A herança maldita do ex-gestor já é conhecida em toda a Bahia e fez com que o atual administrador do município, Marcus Vinícius Gil (PMDB), decretasse situação de emergência pelo prazo de 60 dias.

E as acusações não são poucas: extravio de documentos, precarização da saúde e um rombo nos cofres do município são só algumas delas. “Quando assumimos, eu tive que ir até a delegacia fazer um boletim de ocorrência. Toda a documentação de 2016 — processos de pagamentos e contratos — foi extraviada pelo Magno do PT. Nós aproveitamos os servidores efetivos que continuam, chamamos os que trabalhavam na contabilidade e questionamos. Eles disseram: ‘Foi a secretária de educação que mandou’. Ironicamente, a secretária é a esposa do ex-prefeito”, denunciou.

Documentos em carro de mão
Além de sem acesso a dados de contratos e pagamentos feitos na gestão anterior, o atual prefeito também encontrou barreiras físicas para assumir o mandato. “Ele sequer foi na posse, que é uma tradição. Ele não apareceu para entregar as chaves, nós tivemos que contratar um chaveiro para abrir algumas salas”, lembrou.

De acordo com o prefeito, uma decisão judicial ordenou que a documentação fosse devolvida. “O juiz da comarca deu uma liminar, ele não recebeu a liminar no primeiro dia. Quando recebeu, começou a devolver essa documentação em carro de mão”, contou

R$ 6 mi em dívidas com o inss: “grande esperteza”
A análise das contas do município mostrou que Magno do PT, segundo o atual gestor, não pagava o INSS patronal, o que gerou um  débito de quase R$ 6 milhões em INSS. 

“Ele simplesmente se dirigiu à Receita Federal no final de dezembro e parcelou em nome do município para começar a pagar em parcelas de R$ 100 mil. Nos próximos 60 meses, o município vai ter esse gasto, ele fez essa grande esperteza. Ainda tem débito com Coelba, Embasa, diversos fornecedores de eventos”, disse Marcos Vinícios ao Jornal da Metrópole. 

Turismo é um dos mais prejudicados
E não é só o morador que sofre os efeitos da má administração. Com inúmeros atrativos naturais, Vera Cruz tem castigado também os turistas. O terminal das lanchas, que funciona em Mar Grande, estava em obras, mas uma decisão judicial paralisou as melhorias.

“O prefeito anterior fez uma negociação com a empresa, a de que ela construiria quiosques na praça de Mar Grande. Essa ação foi movida por moradores porque esses bares ficariam na frente das residências”, explicou o atual prefeito.

Obra retomada até o carnaval
Assim como os moradores, o atual prefeito também é contra os quiosques. Segundo  o gestor, o embargo será retirado e a obra do terminal deve ser retomada até o Carnaval. 

Gerente de unidade do consórcio Socicam, o qual administra a obra, Gustavo Andrade explicou que uma audiência, prevista para os próximos dias, deve definir a data de retomada. “Tivemos uma reunião com a prefeitura, onde fomos entender o que está acontecendo”, disse.