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Lojistas do Shopping Busca Vida acumulam milhões em prejuízo; espaço será leiloado
O fracasso do shopping, segundo os lojistas, é uma equação difícil de entender.

Foto: Divulgação
Em 2016, o Shopping Busca Vida, o terceiro de Camaçari, abria as portas prometendo oferecer, em breve, cinco salas de cinema, além do pleno funcionamento das 100 lojas previstas em projeto. Mas as promessas ficaram só no campo da imaginação. “Diziam que as outras abririam em breve, o que nunca aconteceu”, recorda a empresária Marilusia Silva, dona da única farmácia do empreendimento. Marilusia é só uma dos 20 lojistas que amargam prejuízos causados pelo fiasco do shopping. Como se não bastasse a falta de clientes, os empresários foram informados que o shopping vai deixar de existir em breve.
O fim do empreendimento foi decretado após a Luli Patrimonial e LRL, responsáveis pelo Busca Vida, entregarem 77% do empreendimento em troca da quitação de uma dívida com a Desenbahia. Agora, os lojistas têm o prazo de 90 dias para deixarem o complexo, que será leiloado dia 30 de maio.
Espaço entregue às moscas
O fracasso do shopping, segundo os lojistas, é uma equação difícil de entender. Apesar de projetado tendo como público-alvo os moradores das centenas de condomínios de bairros como Buraquinho, Abrantes e a área de Camaçari, os corredores vazios se tornaram rotina do empreendimento. “No dia da inauguração a Prefeitura de Camaçari fechou a entrada dos condomínio Bosque da Aldeia que dava acesso ao shopping. Cadê a mão inglesa que iam implantar? E o ponto de ônibus na frente do shopping? Cadê a passarela para dar segurança as pessoas que moram do outro lado?”, questionaram os lojistas.
Empresária acumula prejuízo de mais de R$ 500 mil
O fechamento do Shopping Busca Vida vai render à empresária Marilusia Silva um prejuízo estimado em mais de R$ 500 mil. “Isso para nós, que somos uma loja pequenininha. Mas tem gente aqui dentro que investiu mais de R$ 2 milhões”, lamentou. Representantes dos lojistas, as advogadas Flávia Castro e Soane Figliuolo, da Castro Figliuolo Negócios Jurídicos, explicam que os empresários assinaram contratos de 5 e 10 anos com o estabelecimento. “A maioria pagou um valor inicial para entrar que chegava a até R$ 100 mil. Quem vai pagar a conta? Eles precisam ser ressarcidos”, questionaram.
Das 100 lojas previstas, só 20 saíram do papel
Apesar da estrutura que não deixa a desejar a nenhum shopping de Salvador, poucas lojas das 100 previstas funcionam no Busca Vida – dentre elas uma unidade do supermercado Mix Bahia, que na tarde da última terça-feira (15), tinha apenas uma cliente: a aposentada Antônia Maltêz, que lamentou o fechamento do shopping. “Vai fazer falta”, disse. De acordo com as advogadas dos lojistas, apenas uma diarista cuida da limpeza do espaço, que conta somente com dois seguranças. “Os lojistas que estão tirando o lixo da Praça de Alimentação, está precário mesmo”, completaram.
“Antigamente era bom negócio”
Ex-presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), Otto Alencar Filho, criticou o projeto do shopping. “Antigamente shopping era um grande negócio. Hoje não é mais. Todos os shoppings que a Desenbahia aprovou foram antes da minha gestão. Engraçado é que todos eles pediram renegociação. O Busca Vida não foi exceção. Foi um projeto mal estruturado. O empresário queria fazer o investimento do shopping e, ao mesmo tempo, de prédios comerciais”, criticou em entrevista a Geraldo Júnior, no Seis em Ponto.
Continuidade inviável
A Desenbahia afirmou que, “a elevada ociosidade do empreendimento, aliada ao alto valor de despesas operacionais necessárias ao seu funcionamento, são fatores que efetivamente dificultam a continuidade do shopping neste momento”. Por estes motivos, segundo a Agência, foi promovida a denúncia dos contratos de locação. “O objetivo e obrigação da Agência de Fomento é recuperar os recursos públicos aplicados no financiamento, para utilizá-los em novas operações ”, completou.
Luli Patrimonial e LRL Engenharia não foram encontradas.
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