
Cidade
Desmatamento desenfreado da Av. Paralela foi somente um dos deslizes da CCR
Considerada uma das áreas ambientais mais importantes da cidade, a Av. Luiz Viana Filho, a Paralela, construída na década de 1970, abriga espécies em extinção da fauna e da flora provenientes da Mata Atlântica. Até 2015, o motorista que percorria os seus 13 km contemplava inúmeras árvores e lagoas em todo o trajeto [Leia mais...]

Foto: Tácio Moreira/Metropress
Considerada uma das áreas ambientais mais importantes da cidade, a Av. Luiz Viana Filho, a Paralela, construída na década de 1970, abriga espécies em extinção da fauna e da flora provenientes da Mata Atlântica. Até 2015, o motorista que percorria os seus 13 km contemplava inúmeras árvores e lagoas em todo o trajeto. Porém, após a chegada da CCR Metrô Bahia — responsável pela implantação da linha 2 do metrô —, os resquícios de mata no canteiro central, assim como as lagoas, desaparecem aos poucos.
Até aí, trata-se de uma questão meramente controversa, uma vez que o progresso exige certas concessões. Mas, de um dia para o outro, sem aviso algum, o soteropolitano passou a ver a vegetação da Av. Paralela sendo arrancada sem dó e sem ser informado do que aconteceria com aquelas árvores. Por ser uma área de expansão urbana, a Paralela está sujeita à retirada de vegetação, mas em acordo do termo de compromisso firmado entre a CCR e a Prefeitura, a concessionária se compromete a fazer a transposição da área desmatada, o que é difícil acreditar que acontecerá, pois imagens flagraram o uso de serras elétricas na retirada de muitas das 1.300 árvores do local. Como a CCR vai cumprir?
Acordo com secretaria da cidade sustentável e sucom previa transplante
Firmado em julho de 2015, o acordo obrigava a concessionária a plantar cinco árvores para cada retirada — iniciativa que a CCR jura estar cumprindo — além do transplante de árvores remanescentes. “O transplantio deverá ser efetuado preferencialmente para a área do canteiro central da Avenida Paralela ou áreas lindeiras”, diz o documento.
Já um Termo de Ajustamento de Conduta firmado com a Prefeitura e o governo prevê apenas o replantio. Sem focar na parte ambiental, as obrigações estabelecidas para a CCR se limitam na limpeza da cidade, ordenamento do trânsito e recuperação da malha viária.
MP investiga derrubada de árvores
Procurado pelo Jornal da Metrópole, o Ministério Público do Estado (MP-BA) afirmou que acompanha o caso e abriu um inquérito para investigar a derrubada das árvores na Av. Paralela. Segundo o MP, o promotor Sérgio Mendes está à frente do caso e só deve se pronunciar após analisar os documentos.
A CCR rebate as denúncias e garante que o replantio de palmeiras e jambos já está sendo realizado nas margens da Paralela, na saída da Av. Luís Eduardo Magalhães e na área do Centro Administrativo da Bahia. “O projeto prevê ainda a compensação das árvores removidas para a implantação do metrô, com o replantio de 6.700 árvores, principalmente espécies nativas de Mata Atlântica, ao longo de aproximadamente 20 km do novo parque que será erguido junto com a nova linha do metrô”, afirma em nota.
CCR metrô também desrespeitou passarelas
E o caso do metrô não foi o único desrespeito cometido pela CCR nesse ano. Em outubro, a concessionária ignorou o padrão arquitetônico das passarelas de Salvador — cuja assinatura é do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, falecido em 2014 — e resolveu criar um novo modelo para o equipamento que ligaria a Estação Bonocô ao ponto de ônibus da região. Sem respeitar as notificações da Prefeitura, a passarela, felizmente, foi embargada pela Secretaria de Urbanismo de Salvador (Sucom). “É um padrão que foge à história da cidade”, declarou o secretário de Manutenção, Marcílio Bastos.
Confira as fotos do desmatamento na Avenida Paralela:
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