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Forçou a Barra: superlotação do Circuito Dodô ameaça carnaval no Campo Grande

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Forçou a Barra: superlotação do Circuito Dodô ameaça carnaval no Campo Grande

Em carnaval dos recordes, tradicional circuito da folia amarga esquecimento das grandes atrações e camarotes

Forçou a Barra: superlotação do Circuito Dodô ameaça carnaval no Campo Grande

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Por: Matheus Simoni e James Martins no dia 27 de fevereiro de 2020 às 08:40

Ignorado ano após ano, o circuito do Campo Grande, antes tido como principal da folia e palco da abertura oficial do Carnaval de Salvador, agora amarga dias de pouco prestígio. Primeiro foram os camarotes. Logo em seguida, foi a vez dos blocos tradicionais virarem as costas para o Centro e irem de vez para a orla. O que se viu em 2020 foi mais do mesmo: para a tristeza de Osmar, que se vivo fosse teria 100 anos, o circuito que leva seu nome só é lembrado quando a Prefeitura de Salvador ou o Governo do Estado patrocinam artistas de grande porte e que levam grandes públicos, a exemplo de Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Daniela Mercury e Igor Kannário.

A preferência se reflete em números: sem grandes atrações, o Circuito Osmar registrou a presença de 3,4 milhões de entradas no Campo Grande. Em comparação, a Barra/Ondina teve o registro de 6,9 milhões em um espaço que já começa a dar sinais de superlotação.

“O Carnaval acontece lá hoje por conta dos investimentos da Prefeitura, inclusive em atrações. Mas não somos donos da vontade do folião, do artista ou do empresário. Isso precisa ser repensado por todos os atores envolvidos com o Carnaval”, disse o prefeito ACM Neto, que se despede da prefeitura no final do ano após as eleições municipais. Diante do desinteresse, o circuito sofre também com a violência, chegando até a conviver com tiroteios.

Candidatas a um troféu imaginário

Sexta-feira de carnaval, Rua Chile: o bar toca uma sofrência tipicamente goiana. Já no Circuito Osmar, foliões discutem qual será a música do Carnaval. As apostas ficam em torno de três: “Contatinho”, de Leo Santana; “O Mundo Vai”, de Ivete; e “Ela Não Quer Guerra Com Ninguém”, Parangolé. A verdade indisfarçável, porém, é que o concurso em si só vem perdendo nos últimos anos. Nem os artistas parecem mais dar importância. Basta dizer que Márcio Victor declarou: “Minha música não é a do carnaval, é do povo”, quem diria.

Muito aquém do passado

Talvez o processo de enfraquecimento resulte de que as campeãs dos anos anteriores não duram além da quarta-feira de cinzas. Nem de longe podem ser comparadas com a “Baianidade Nagô”, primeira música do Carnaval (1992) e até hoje na ponta da língua de todos. O fato é que os verões soteropolitanos já não são tomados pela onda-Axé que invadia as rádios. E assim, o concurso só se mantém por hábito, costume, mas sem real capacidade mobilizadora