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'Fernando José não tinha a menor vontade de ser prefeito de Salvador', diz Carlos Mendes

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'Fernando José não tinha a menor vontade de ser prefeito de Salvador', diz Carlos Mendes

Em entrevista à Rádio Metrópole, jornalista relembrou alguns momentos de sua trajetória na comunicação política baiana

'Fernando José não tinha a menor vontade de ser prefeito de Salvador', diz Carlos Mendes

Foto: Matheus Simoni / Metropress

Por: Juliana Rodrigues no dia 11 de março de 2020 às 13:01

O jornalista, radialista e assessor da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Carlos Mendes, relembrou, em entrevista à Rádio Metrópole, hoje (11), alguns momentos de sua trajetória na comunicação. Carioca, Mendes veio morar em Salvador em 1980 e trabalhou nas TVs Aratu e Itapoan, além de atuar nas campanhas políticas de Waldir Pires, em 1986, e Antônio Carlos Magalhães, em 1990. Após ACM vencer a eleição para o governo do estado, ele foi contratado para gerenciar a comunicação televisiva da gestão.

Durante seu período na TV Itapoan, Mendes trabalhava com o radialista Fernando José. Às vésperas de sair candidato à prefeitura de Salvador, Fernando lhe disse que foi convidado pelo também radialista Alfredo Raimundo para apresentar um programa em São Paulo, e sentia-se inclinado a ir. "Isso um mês antes de ele ser o candidato. Vou falar aqui uma verdade: Fernando José não tinha o menor perfil e vontade de ser prefeito de Salvador. Um mês antes, ele queria ser, ou pensava em ser, disc-jóquei ou apresentador de programa de rádio", disse Mendes.

À época, a TV Itapoan fazia parte do Sistema Nordeste de Comunicação, comandado pelo empresário e político espanhol Pedro Irujo. Mendes contou que o dono da emissora fazia questão de conhecer todos os políticos entrevistados nos programas, além de investir muito em tecnologia. Por outro lado, não pagava bem a seus funcionários.

"Irujo era um homem muito rico que não precisava disso. Em um determinado momento, ele teve aqui, gerados pra Bahia inteira e pra Sergipe, 12 programas locais. Nunca mais tivemos isso. Com dinheiro dele. Ele importou um equipamento que fazia efeitos fantásticos. A coisa interessante que eu acho é que ele ia em cima, ele brigou com ACM, conseguiu dar testa pra conseguir colocar a TV. E em 1986, ele foi o personagem econômico do Brasil que mais teve vitórias. Ele botou o filho, Luís Pedro Irujo, como segundo deputado mais votado e ajudou a fazer quatro [deputados] federais", relatou.

Carlos Mendes também relembrou o episódio da implosão do viaduto no Aquidabã, em 1981, que não saiu como planejado. A operação seria filmada e daria origem a uma reportagem transmitida pelo Fantástico, na TV Globo. "O fato é que, com tudo certo, com a chamada já no espelho do Fantástico, na hora da implosão deu tudo errado.Foi uma explosão que eu acho que até hoje tem pedra incrustada em algum lugar. Eu nunca vi tanta pedra, pequena, média e grande, uma coisa de louco. Não sei como é que alguém não morreu, ou do coração ou de pedrada. Evidentemente abortamos a matéria pro Fantástico e ninguém mais falou disso", recordou.

Ele ainda fez críticas à falta de cuidado das emissoras com a preservação da memória. "As televisões nunca tiveram compromisso nenhum com essa coisa do arquivo. A TV Aratu perdeu tudo de uma forma criminosa. Não foi porque teve incêndio. Foi perdido tudo, nós tínhamos coisas maravilhosas", lamentou.