Professor André Lemos avalia que 'isolamento digital é um luxo' e defende ampliação do acesso à informação

O professor e pesquisador da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom-Ufba), André Lemos, defendeu, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (25), a ampliação do acesso à informação para a população, diante da pandemia do coronavírus.

Ele avalia que, por conta das desigualdades socioeconômicas, o isolamento digital pode ser considerado um luxo para poucos, em um país de miseráveis. A consideração foi feita em artigo no Correio24Horas.

"Faço uma exposição sobre como as novas tecnologias têm ajudado a escapar do confinamento. Isso é comum na historia das mídias, que ajudam a driblar restrições do espaço e tempo. As tecnologias digitais hoje têm ajudado pessoas a trabalharem e estudarem à distancia, ficar em contato com seus próximos de forma mais quente, porque posso fazer ligação por videoconferência. As janelas também têm sido a forma de criar porosidade no confinamento. Eu grito na janela, eu bato panela, eu canto, eu vejo um pouco a rua. Isso tudo ajuda a viver no confinamento voluntário, porque aqui no Brasil ainda não é compulsório", argumenta.

No entanto, ele pontua que metade da população brasileira, segundo dados do IBGE, vive em condições precárias, a exemplo de cômodos com mais de 2, 3, 4 pessoas, sem água, sem energia elétrica, sem computadores, e com internet via 3G e 4G precário por meio de contas pré-pagas.

"Até esse isolamento digital é um luxo no Brasil. O confinamento também é um luxo, no sentido de que muitos sofrem mais que outros, para ficarem trancados em casa", define.

André Lemos ressalta que a sociabilidade é fundamental durante a pandemia, já que ficar sozinho é muito difícil. 

"Acho que algumas iniciativas poderiam ajudar nisso, como liberar WhatsApp livremente pra todas as pessoas pelas operadoras. Tem duas coisas: a internet é manancial de informação. Por outro lado, também tem muita fake news e temos que lutar contra isso. Fake news não é só boato. São ações intencionais visando minar grupos ou pessoas, usando justamente essa lógica da rede. (...) Acho que temos que garantir condições mínimas de água e luz para enfrentar esse período que está começando. E oferecermos mais condições de acesso à informação e internet", ponderou.