Cidade
Criação de uma rotina no isolamento social ajuda a driblar a ansiedade, diz psicólogo
Em entrevista à Rádio Metrópole, Alessandro Marimpietri também falou sobre os problemas relatados por pacientes ao longo de quase 120 dias de isolamento
Foto: Metropress
O psicólogo Alessandro Marimpietri falou, hoje (13), em entrevista a Rádio Metrópole, sobre as diferentes maneiras como a ansiedade e demais transtornos psíquicos podem se manifestar em crianças, adolescentes, adultos e idosos durante a pandemia de coronavírus. Segundo ele, passados quase 120 dias desde a instauração das primeiras medidas de isolamento social, a situação de incerteza é a responsável por causar a maior parte dos sofrimentos.
"Indiscutivelmente [causa pânico e ansiedade]. O cérebro humano adora padrões e previsibilidades, e detesta o imprevisível, porque o imprevisível é custoso. Quando a gente tem que se adaptar ao novo, a gente passa por uma situação de estresse. E essa situação de estresse sem perspectiva de solução, recrudescida e longitudinal, produz situações ansiosas e há um aumento expressivo de sofrimento psíquico, principalmente transtorno de ansiedade", pontuou.
Marimpietri afirmou que os problemas que costumam ser relatados nas sessões de terapia mudam de acordo com as faixas etárias. Enquanto crianças e adolescentes dizem sentir falta de sair e ver os amigos, adultos sentem angústia com a incerteza e com o gerenciamento de novas variáveis e tarefas. Já os idosos sofrem pela quebra da rotina pré-pandemia. "Aquele percurso de ir à padaria, encontrar os amigos... Essas miudezas do dia a dia conformam a saúde mental", explicou.
Ainda segundo o psicólogo, no caso das pessoas que têm o "privilégio" de estar em casa, a construção de uma rotina é fundamental para atravessar o atual momento. "A rotina cria parâmetros de organizar o seu tempo, e você tem a sensação de que você usufrui do tempo, e não o tempo que usufrui de você. É importante que ela tenha alguns elementos: contato intrafamiliar, um momento para estudar ou trabalhar, um momento de atividade física, um momento para se comunicar com outras pessoas fora de casa, para manter a ideia de que do lado de fora de casa há vida, que estamos distantes, mas não isolados ter um momento de lazer sem telas, no caso de crianças e adolescentes. Criar um cenário mais favorável, diminuindo o risco de que esse sofrimento psicológico se adense e comprometa outras esferas da vida", disse.
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