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Roda Baiana: antropólogo e professor Ordep Serra assume presidência da Academia de Letras da Bahia

Cultura

Roda Baiana: antropólogo e professor Ordep Serra assume presidência da Academia de Letras da Bahia

Imortal será responsável por comandar a ALB entre 2021 e 2023

Roda Baiana: antropólogo e professor Ordep Serra assume presidência da Academia de Letras da Bahia

Foto: Reprodução

Por: Gabriel Amorim no dia 23 de março de 2021 às 14:45

A Academia de Letras da Bahia (ALB) está com novo presidente. O antropólogo e professor Ordep Serra que assume o comando da casa entre 2021 e 2023 foi o entrevistado de hoje (23) do Roda Baiana. Na conversa com Fernando Guerreiro, Jonga Cunha e Faustão, o imortal baiano falou sobre os planos da instituição para o período. Entre os planos, além de propor o tombamento do Palacete Góes Calmon, sede da instituição, a vontade de estreitar laços com várias áreas da sociedade.

“Estamos criando uma espécie de conselho consultivo de amigos da academia. São pessoas que se interessam pela academia e querem apoiá-la. Estamos vivendo um  momento difícil no mundo, mas principalmente no Brasil. A academia além de solidarizar-se com o povo precisa estreitar laços com outras instituições da cidade, também a nível nacional e internacional. Queremos criar vínculos com instituições culturais do mundo todo”, conta Serra. 

Com 40 membros efetivos, já passaram pela academia nomes como Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, além de políticos, juristas e artistas de diversas áreas. Para se tornar um imortal é preciso ser indicado por um dos membros efetivos e ganhar o voto da maioria dos membros. “Se eu apresento um candidato eu levo as obras dele para mostrar aos colegas. Mostrar às pessoas que esse candidato é alguém que tem um bom currículo, um papel social importante para convencê-los', explica.  

Ainda sobre os planos para a instituição, Ordep comenta sobre uma questão importante, a racial. Fortemente ligado às religiões de matriz africana, ele comenta do desejo de fazer um trabalho que fomente o espaço da cultura negra na academia, com a realização, inclusive, de seminários. “Quero fazer com que esse lugar seja cada vez mais fortalecido. Sou um presidente negro dentro da academia e sempre me engajei na luta contra o racismo, em favor do patrimônio negro. A academia é antirracista por natureza. Reconhecemos a existência de um racismo estrutural e vamos lutar contra ele de todas as maneiras. O racismo é muito fruto da ignorância", defende ele.

Como não poderia deixar de ser, o professor ainda destacou a posição da ALB quando o assunto é a realidade de isolamento e pandemia que o mundo vive atualmente. Para ele, é impossível ficar indiferente. “A proporção que a pandemia alcançou no país é fruto de uma negligência que nos deixa indignados. A Academia vai se solidarizar com todos que estão sofrendo e vai exigir que haja providências, uma coordenação central, que haja uma política pública séria. O Brasil já foi exemplo quando o assunto é vacinação e agora está acontecendo o contrário. Temos uma obra prima que é o SUS que foi desvalorizado. Isso nos afeta. A Academia não pode ficar indiferente ao sofrimento da população, o risco que todos estão correndo. Isso danifica o tecido social, ameaça a cultura”
 

A edição de hoje do Roda Baiana está disponivel na íntegra no Youtube: