Cultura
Acervo da Cinemateca Brasileira está abandonado desde agosto do ano passado, alerta manifesto
Assinado por trabalhadores demitidos da entidade, o texto diz ainda que: "O risco de um novo incêndio é real"
Foto: Divulgação
Um manifesto divulgado ontem (12), e assinado por "Trabalhadores da Cinemateca Brasileira", denuncia que a entidade "segue fechada desde agosto de 2020, quando representantes do Ministério do Turismo retomaram as chaves da Organização Social que a geria". "Desde então [segue o texto], não há corpo técnico contratado, o acervo segue desacompanhado e não há qualquer informação sobre suas condições".
O texto alerta ainda para o risco iminente de perdas irreversíveis ao maior patrimônio audiovisual do país. "A possibilidade de autocombustão das películas em nitrato de celulose, e o consequente risco de incêndio frequentemente recebem mais atenção da mídia e do público. A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras. O risco de um novo incêndio é real", diz um trecho. E conclui: "O acompanhamento técnico contínuo é a principal forma de prevenção".
O manifesto reivindica ainda: “A Cinemateca é uma instituição complexa, que demanda constância de recursos e atuação de sua equipe técnica especializada. Perante o quadro atual, pleiteamos o imediato retorno dos trabalhadores a seus respectivos postos de trabalho, cuja experiência é crucial para a recuperação da instituição”.
A publicação foi programada para coincidir com a realização da audiência pública, solicitada pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que aconteceu na Comissão de Cultura da Câmara para discutir a situação da instituição, que enfrenta grave crise financeira.
Sediada em São Paulo, a Cinemateca Brasileira é a instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira. Criada em 1940, a entidade tem o maior acervo da América do Sul, com cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema — fotos, roteiros, cartazes e livros. O laboratório de restauração da Cinemateca já foi considerado um dos cinco melhores do mundo.
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