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"Pureza da água de Santa Luzia é atestada pela vigilância sanitária", garante Padre Renato

Cultura

"Pureza da água de Santa Luzia é atestada pela vigilância sanitária", garante Padre Renato

Considerada milagrosa pelos fiéis, a água da padroeira da visão e dos oftalmologistas é também boa de se beber

"Pureza da água de Santa Luzia é atestada pela vigilância sanitária", garante Padre Renato

Foto: Foto: James Martins / Metropress

Por: James Martins no dia 14 de setembro de 2021 às 15:36

Que a água da Fonte de Santa Luzia é milagrosa já ninguém (ou quase ninguém) duvida. Mas o próprio padre Renato Minho, à frente da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, questionou se o seu uso para consumo não colocaria em risco a saúde dos fiéis. "Eu via as pessoas trazendo garrafões, galões, e levando para beber. Aquilo me preocupou. Então, no ano passado eu chamei a vigilância sanitária e pedi que fizesse um teste de pureza da água aqui da gruta", disse ele em conversa com o Metro1.

O resultado não poderia ter sido melhor. A água é, sim, potável, isto é, boa para consumo. O próprio padre garante que só toma dela, geladinha ou natural. "Quando estive internado com covid, exigi tomar os remédios com a água daqui. A fé e a ciência de mãos dadas", afirmou.   

Erguida em 1718, pela comunidade espanhola na Bahia, a igreja já encontrou ali a fonte. Mais uma das que foram tão importantes para vida da cidade e que hoje, infelizmente, estão, em sua maioria, abandonadas, como as da Munganga ou da Água Brusca, ali pertinho. "Como esta fica em uma área privada, embora de acesso público, conservamos", explica o sacerdote. Dedicada à padroeira dos oftalmologistas, não demorou para se atribuírem às suas águas funções curativas — especialmente de doenças da visão.

No dia 13 de dezembro, quando ocorre a festa da santa, devotos de todas as partes vêm até a gruta lavar os olhos (e/ou beber) de sua água pura. "É interessante, pois em suas famosas cartas, Vilhena condena a quase totalidade das águas das fontes soteropolitanas. 'Não há dentro na cidade uma única fonte, cuja água se possa beber, quando para gasto não abundam', escreveu ele, sem citar esta fonte do Pilar", reflete a historiadora Jaiana Menezes. 

Além de ponto importante para o exercício da fé católica, a Igreja de Santa Luzia é também marcante na história de entidades carnavalescas de primeira grandeza. Até ela rumou, em sua primeira saída, o Afoxé Filhos de Gandhy, lá em 1949. E a ela se refere também a música de Paulinho Camafeu que marca o desfile inaugural do Ilê Aiyê: "Quem dá luz a cego é bela branca e Santa Luzia".

O atestado de pureza das águas da fonte soma-se, assim, a um conjunto cultural da maior importância nesta capital. Quem estiver desprevenido em sua visita pode, inclusive, comprar uma garrafinha personalizada, por módicos R$ 2,50, e ainda ajudar a manutenção da igreja. "Podem levar a água, direto da boca de Deus, como eu gosto de dizer. Beba com fé e aguarde o resultado", aconselha, simpático, Padre Renato.