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Presidente da FGM diz que resistência a grupo LGBT em plano de cultura é “confusão sem necessidade”

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Presidente da FGM diz que resistência a grupo LGBT em plano de cultura é “confusão sem necessidade”

Texto foi analisado na última quarta-feira (1º) na Câmara, mas foi adiado mais uma vez devido às discussões

Presidente da FGM diz que resistência a grupo LGBT em plano de cultura é “confusão sem necessidade”

Foto: Divulgação

Por: Geovana Oliveira no dia 03 de dezembro de 2021 às 15:00

Após resistência da bancada evangélica na Câmara Municipal em aprovar o Plano de Cultura com a inclusão da população LGBTQIA+, o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, comentou o assunto nesta sexta-feira (3) durante o programa Roda Baiana, na Rádio Metropole.  

De acordo com Guerreiro, há uma confusão em torno do termo “cultura LGBT”. “Existem duas questões que estão sendo confundidas: orientação sexual não é cultura LGBTQIA+, a cultura LGBTQIA+ é uma série de códigos e símbolos que surgiram a partir do movimento LGBT desde a década de 70 e que hoje está aí”, afirma o apresentador do Roda.  

O Plano Municipal de Cultura, elaborado com a participação de técnicos da Prefeitura e coordenado pela FGM, tramita na Câmara desde junho deste ano. Instrumento de planejamento e execução de políticas públicas de cultura para um período de 10 anos, o projeto de 70 páginas tem sido adiado devido à inclusão de uma política direcionada à cultura LGBT.

“Nós levamos três anos para elaborar esse plano, dentro dessa elaboração nós recebemos 600 contribuições da sociedade civil. Fizemos quatro audiências públicas para esse plano ser concebido. Passou pela Procuradoria, passou pelo gabinete do prefeito e, finalmente, chegou à Câmara de Vereadores. E a gente começou a ter uma discussão muito grande em torno de: ‘existe ou não existe uma cultura LGBTQIA+’”, diz gestor público e diretor teatral baiano.

“Nós já fizemos duas reuniões, inclusive com a bancada cristã, que tenho maior respeito dentro da Câmara de Vereadores, e nós fizemos um acordo num formato em que esse termo estaria incluído também. E de repente, de uma hora para outra, se voltou atrás e isso caiu de novo — quando o plano foi pra ser votado nessa semana, travou novamente”, afirma Guerreiro.  

O Plano foi analisado na última quarta-feira (1º) na Câmara, mas foi adiado mais uma vez devido às discussões. Em entrevista ao Metro1, o relator do projeto Sílvio Humberto (PSB) afirmou que a demora para aprovação do Plano não é comum. “As matérias de cultura sempre tiveram um trâmite muito célere na Casa”. 

“A grande discussão é que eles insistem que não existe uma cultura LGBTQIA+, e existe”, afirma Guerreiro. “Se você pegar um filme de Almodóvar, ele é impregnado da cultura LGBTQIA+, o que não significa que tenha dois homens ou duas mulheres se beijando, são duas coisas diferentes. São cores fortes, são comportamentos [...] isso é resultado de uma cultura”.

 "É uma confusão muito grande sem a menor necessidade, e espero que a gente consiga chegar a um consenso e consiga votar esse plano, porque ele é muito importante para a cidade", conclui o presidente da FGM. 

Em entrevista à Rádio Metropole na manhã desta sexta, a vereadora Débora Santana (Avante), que integra a bancada evangélica na Câmara Municipal, voltou a defender a exclusão do termo cultura LGBTQIA+ no texto que cria o Plano Municipal de Cultura de Salvador. 

"Nós, da bancada evangélica, fizemos algumas emendas ao projeto, mas que não foram acatadas. Solicitamos que o texto original fosse mudado para uma coisa geral, não uma coisa específica, de algumas comunidades. A cultura é muito abrangente, não se resume a algumas pessoas ou a algumas entidades", declarou.