Vote na disputa pelo Prêmio PEBA para piores empresas da Bahia>>

Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Cultura

/

O mais belo dos belos: Ilê Aiyê completa 50 anos de arte, beleza e luta social

Cultura

O mais belo dos belos: Ilê Aiyê completa 50 anos de arte, beleza e luta social

Idealizada para resgatar a autoestima do povo negro, grupo foi fundado em 1º de novembro de 1974, no bairro da Liberdade

O mais belo dos belos: Ilê Aiyê completa 50 anos de arte, beleza e luta social

Foto: Joá Souza/GOVBA

Por: Fabiana Lobo no dia 01 de novembro de 2024 às 07:30

Atualizado: no dia 01 de novembro de 2024 às 11:32

“Que bloco é esse? Eu quero saber. É o mundo negro que viemos mostrar pra você”. Esses versos de Paulinho Camafeu traduzem o espírito do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, que completa 50 anos neste 1º de novembro. Criado por Vovô, Macalé e Apolônio, o “mais belo dos belos” nasceu para mostrar ao mundo a força e a beleza da cultura negra.

Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, lembra da missão idealizada e colocada em prática naquele 1º de novembro de 1974, no bairro da Liberdade: "o bloco surgiu para resgatar a autoestima do povo negro e contar sua história sob a sua própria ótica”. 

Guiados por Mãe Hilda Jitolu, conselheira espiritual do Ilê, o grupo se destacou no Carnaval de Salvador em 1975, três meses após sua fundação. Homens e mulheres negras, com roupas coloridas, cabelos black power e seus tambores reivindicaram espaço e fizeram uma revolução na folia soteropolitana. Inspirado pelos movimentos Black Power e Panteras Negras e pelas lutas de libertação africanas, o bloco desfilou unindo cultura e política.

Mas nem tudo é Carnaval ou, pelo menos, não deveria ser. O Ilê Aiyê gera um impacto social na comunidade, com um projeto de extensão pedagógica que inclui a Escola Mãe Hilda, de alfabetização até a 5ª série, a Band’Erê e cursos profissionalizantes. Vovô, no entanto, lamenta que atualmente os projetos estão suspensos por falta de apoio financeiro. “Queremos retomar essas atividades para a comunidade, mas precisamos de recursos”, explica.

Cinco décadas de arte, beleza e luta social inspiraram outros blocos, como Olodum, Muzenza e Araketu. No entanto, ainda há barreiras a serem vencidas. “Buscamos patrocínios, parcerias, sensibilizar empresários e políticos”, afirma o fundador do bloco. Quem sobe a ladeira do Curuzu com o Ilê Aiyê precisa entender a importância que o bloco tem para o povo negro e por que, para Vovô, o momento mais marcante da história do Ilê foi “colocar o bloco na rua pela primeira vez.”