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Soprano compara alcance da ópera na Europa a Roberto Carlos: 'Público canta junto'

Cultura

Soprano compara alcance da ópera na Europa a Roberto Carlos: 'Público canta junto'

Em entrevista à Rádio Metrópole, Flávia Albano afirmou que um aspecto que afasta o público da arte erudita no Brasil é a aura de "cultura elitizada"

Soprano compara alcance da ópera na Europa a Roberto Carlos: 'Público canta junto'

Foto: Matheus Simoni/ Metropress

Por: Luiza Leão no dia 11 de maio de 2018 às 19:17

Seja pela facilidade de compra de instrumentos e partituras, a existência de teatros tradicionais e apresentações diárias, não há como negar que a música clássica é um hábito cultural da Europa. Em entrevista à Rádio Metrópole, a soprano Flávia Albano afirmou que um aspecto que afasta o público da arte erudita no Brasil é a aura de "cultura elitizada".

"As pessoas precisavam estar muito bem trajadas, precisam ser muito bem educadas para poder apreciar esse tipo de repertório. As pessoas iam às casas de ópera com casacos de pele, tinham determinados trajes para entrar nas casas de concerto em São Paulo, por exemplo. Mas, historicamente, a ópera é formada por histórias popularescas, que são as mesmas das novelas. Essa música é popular. Eu sempre conto aos meus alunos as minhas histórias, de que existem óperas que, quando você canta, as pessoas vão cantando junto. Como se fosse Roberto Carlos. A gente acabou se distanciando isso", defendeu a mestre em performance pelo Royal Northern College of Music, no Reino Unido.

Fã e colaboradora da Osba (Orquestra Sinfônica da Bahia), a cantora paulista, que reside em Salvador há um ano, disse que iniciativas como essa ainda são pequenas perto da dimensão das grandes cidades. "Não dão conta de um todo tão diversificado", opinou, ao acrescentar que o Cine Concerto, por exemplo, ajuda a desmistificar o estereótiopo. No espetáculo, os músicos se caracterizam de personagens e exploram trilhas sonoras do cinema mundial.

Acesso – Com trabalhos voltados também para a educação, Flávia aposta na escola como uma grande potencialidade para reverter o quadro de distanciamento da população com a música clássica. "Eu acho que a gente tem o direito de gostar de qualquer coisa, mas a gente tem que conhecer. Quando dizem que gostam de funk eu pergunto se a pessoa teve o direito de conhecer outros ritmos. Às vezes só não houve o privilégio de conhecer outros estilos. Há uma grande diferença entre ser uma escolha e você ser dado àquilo. O que a gente faz no Brasil é isso. A gente não oferece todas as possibilidades", disse.

Odisseia – Viver de arte, mais precisamete da música erudita, não é uma tarefa fácil. "A gente precisa de muita perseverança. A palavra é essa mesmo", expressou a soprano. De acordo com ela, a demanda de estudo diário é elevada, os instrumentos são caros, há materiais que não são encontrados e, para piorar, o apoio do poder público é nulo. "A gente vê pessoas de outras profissões recebendo auxílio de terno e a gente não tem auxílio nenhum. Tem músicos que têm que fabricar as próprias palhetas", revelou.

Mozart – Na noite de ontem (10), Flávia Albano foi solista no concerto que Osba realizou na Sala Principal do Teatro Castro Alves. A apresentação foi da célebre "Ária da Rainha da Noite", escrita pelo compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) para o segundo ato da ópera "A Flauta Mágica".

Assista a entrevista na íntegra: