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'Editores disseram que livro com 250 fotos de negros não iria vender', conta Arlete Soares sobre 'Retratos da Bahia'

Cultura

'Editores disseram que livro com 250 fotos de negros não iria vender', conta Arlete Soares sobre 'Retratos da Bahia'

O momento foi narrado em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole

'Editores disseram que livro com 250 fotos de negros não iria vender', conta Arlete Soares sobre 'Retratos da Bahia'

Foto: Matheus Simoni/ Metropress

Por: Luiza Leão no dia 10 de julho de 2018 às 18:00

Responsável por idealizar a Editora Corrupio, com quase 40 anos de existência, Arlete Soares relembrou os percalços enfrentados para a publicação do livro Retratos da Bahia, de ninguém menos que o fotógrafo francês Pierre Verger.

“Fui para São Paulo, Rio de Janeiro e ninguém se interessou. ‘um livro com 250 fotos de negros? Não vai vender nem 10 livros’'”, disseram-lhe. O momento foi narrado em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole.

Nas palavras de Carybé, a publicação representa “um retrato profundo e denso de seu povo, de suas alegrias, suas festas e suas crenças, onde as gentes da Bahia são sempre a primeira personagem do drama, da sátira ou da farsa que se representa nos diferentes momentos da vida”.

Emocionada ao recordar as vivências com Verger, a quem foi apresentada por Jorge Amado quando morava em Paris, Arlete agradeceu a MK o título de Cidadão Soteropolitano concedido ao fotógrafo, quando Kertész era prefeito da capital baiana, e por ter fomentado a publicação das fotografias.

“Você abraçou o projeto. Comprou uma cota de livros para distribuir às bibliotecas, deu o título de cidadão soteropolitano a Pierre Verger, ajudou a consolidar a primeira exposição dele em Salvador, que foi uma festa linda, com orquestra de berimbau. Uma noite memorável”, disse.

Mário Kertész defende que "Pierre Verger existe em função de Arlete Soares".

Parceria entre fotógrafos – Parisiense por temporada, Arlete contou que precisou ter acesso ao livro “Fluxo e Refluxo do Tráfico de Escravos entre o Golfo do Benin e a Baía de Todos-os-Santos dos Séculos XVII a XIX”, de Verger, após indicação de professor, mas queria ler a obra em português.

Jorge Amado, então, cumpriu o papel de elo entre os dois, que se tornaram amigos durante um café da manhã. “Todas as vezes em que eu lia, comecei a me perguntar: ‘por que ele não está em português, se fala sobre nós, da nossa história?'”, disse.

Assista a entrevista completa abaixo: