
Cultura
Vovô do Ilê diz que Mãe Stella deixa saudades: 'uma referência realmente mundial'
O presidente e fundador bloco afro ainda comentou a falta de patrocínio para os projetos do Ilê Aiyê

Foto: Matheus Simoni / Metropress
O presidente e fundador do Ilê Aiyê, Antônio Carlos do Santos, conhecido como Vovô, lamentou a morte da Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, que faleceu na tarde de ontem (27) e, para ele, deixa saudade. Em entrevista ao Jornal da Cidade Segunda Edição, na Rádio Metrópole, Vovô do Ilê relembrou a jornada da líder religiosa e ressaltou a intelectualidade da Ialorixá.
"Ela era uma pessoa muito respeitada, já foi jurada da Beleza Negra, sempre esteve presente. Ela não perdia uma noite da Beleza Negra, a mesa dela estava sempre reservada. Sempre prestigiou nessa relação, quando eu conversava com ela, esse respeito que nós sempre tivemos pela religião. Realmente vai fazer muita falta para nós de religião de matriz africana, uma referência realmente mundial", afirmou o presidente do Ilê.
Vovô ainda comentou a falta de apoio e patrocínio aos projetos do Ilê, que bota todo ano o bloco na rua apesar das dificuldades."Se encontra muita dificuldade. No carnaval nós dividimos em cota de 200 mil, até 500 mil e olha que o Ilê é um dos poucos blocos que consegue vender fantasia. Mas você não consegue bota o bloco na rua só com a venda", disse.
Para ele, a disparidade entre o cachê do Ilê e de outros artistas é muito grande na Bahia, o que ele associa não só ao capitalismo, mas também ao racismo. "Aqui a diferença é muito grande de cachê com uma banda internacional. As pessoas aqui que trabalham com entretenimento acham que não traz público. Com o cachê de um show desses artista, a gente faz o carnaval. Eu interpreto isso como racismo porque o empresário brasileiro antes de ser capitalista, ele é racista. Ele até deixa de ganhar dinheiro", ressaltou.
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