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'Livro não é mais objeto de desejo', diz editora Arlete Soares

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'Livro não é mais objeto de desejo', diz editora Arlete Soares

Para se adaptar às novas demandas, ela conta que decidiu transformar a sede da editora Corrupio em um local que também recebe outros eventos culturais

'Livro não é mais objeto de desejo', diz editora Arlete Soares

Foto: Matheus Simoni/Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 31 de julho de 2019 às 12:29

A editora e fotógrafa Arlete Soares falou, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (31), sobre as mudanças que teve que implementar na editora Corrupio, que completa 40 anos, diante das mudanças no hábito de leitura das pessoas. 

"O livro não é mais objeto de desejo. No tempo da gente, em toda casa, tinha uma biblioteca. Agora tem varanda gourmet, a sala de cinema. Vou te dar um dado. Hoje em dia, um livro não se rouba mais. O pessoal não quer mais nem carregar. O índice de roubo de livro diminuiu enormemente. Porque as crianças imitavam o hábito de leitura da mãe e do pai que tinham um livro na sua casa. Agora quando olha para os pais, estão em telefone celular, com tablet, então mudou muito", cita.

Para se adaptar às novas demandas do mercado editorial e atrair  o público, ela conta que decidiu transformar a sede da editora, no bairro da Barra, em um local que também recebe outros eventos culturais. O espaço recebe visitação às terças, quartas e quinta-feiras de 14h às 17h, na Rua Airosa Galvão.
 
"Agora a gente tem que dar o salto quântico. Então transformei agora em pátio Corrupio, que vai ter muitos eventos. Quero botar dança e música nesse pátio, continuar com minha editora, que é minha paixão. Continuo gostando muito de livro, mas é uma coisa que não pode ser naquele ritmo que tínhamos ontem, porque a vida é outra", afirma. 

Ela conta que a editora foi criada por ela depois que fez uma promessa ao fotógrafo Pierre Verger de publicar um livro dele que, apesar de tratar sobre o tráfico de escravos ao Brasil, não tinha tradução em português. Arlete procurou várias editoras em São Paulo e apresentou a ideia, mas não teve sucesso. 

"Comecei a Corrupio para publicar um trabalho de Verger e ficar livre daquela promessa. No dia seguinte ao lançamento, Verger chegou com três ou quatro maquetes de livros", relembra

Já o trabalho como fotógrafa começou depois que ela conheceu Sebastião Salgado, que ainda iniciava a carreira, quando estavam na França. 

"Quando eu cheguei lá (na França), pouco tempo depois, minha mãe morreu em um acidente de carro. E Sebastião Salgado morava na casa do Brasil, no mesmo andar que eu morava também, na cidade universitária, e estava começando. Ele montou um laboratório e ele era muito meu amigo amigo. Ele me disse para ir lá, para ajudar a passar o tempo, com o luto. Eu fui e me apaixonei", recorda.