Filha de Rubem Fonseca revela qual foi a única 'entrevista' do pai

A escritora, jornalista e pesquisadora brasileira Bia Corrêa do Lago lamentou a morte do pai, o escritor Rubem Fonseca, ganhador do Prêmio Camões e autor de diversos livros. Em entrevista a Mário Kertész hoje (27), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ela reforçou o legado deixado por ele para a literatura do país.

"Foi uma morte doce e rápida. Eu me consolo pensando que ele tve uma vida plena, viveu como queria. Era escritor, gostava de ler e não sofreu nada para morrer. É a morte que todo mundo pede a Deus: sem dor, rápida e tranquila. Acompanhada das pessoas que você ama. O que você pode querer mais? Teve um reconhecimento público nacional e internacional. Ele tem uma legião de fãs incontável. Recebemos manifestações do Brasil, Portugal e Espanha. Tenho muito orgulho de ter tido um pai assim", comentou. "Eu lembro sempre do meu pai do que ele dizia sobre escrever. Você não tem que contar, tem que mostrar. Tem várias dicas dele que eu uso agora trabalhando e escrevendo esses roteiros", acrescenta.

Ainda segundo Bia, Rubem Fonseca não gostava de dar entrevistas porque, segundo ele, não havia nada a acrescentar, já que tudo o que ele tinha a dizer estava nos livros. No entanto, a escritora revelou que falou pelo pai em uma rara aparição. "Um jornalista da Folha de S. Paulo tocou em nossa casa para entrevistá-lo. Meu pai nunca deu uma entrevista, mas eu dei por ele aos nove anos. Isso virou piada na família. Eu falei tudo, disse que meu pai gosta de fazer ginástica, é assim, assado, escreve de noite e durante o dia. Tudo o que jornalista perguntava, eu era muito despachada e falante, entreguei o máximo que eu pude e sabia. Foi a única entrevista sobre ele", conta.

Bia Corrêa do Lago também é roteirista e colaborou com o autor Alcides Nogueira para a produção de "Tempo de Amar", sua primeira novela da Globo. A obra foi transmitida pela emissora carioca entre setembro de 2018 e março de 2019. "Essa novela eu apresentei à Globo e eles aprovaram, baseada na história da avó de meu pai, minha bisavó, de orgem portuguesa. Eu sempre achei uma coisa especial. Ela veio para o Brasil sozinha em 1900 procurar o marido com quem ela estava casada há pouco tempo. Ele tinha vindo ao Brasil para um emprego e depois trazê-la, mas nunca mais escreveu ou apareceu. Ela estava lá em Portugal com uma filha pequena. Ela resolveu procurar e veio aqui e descobriu que ele havia morrido. Essa coisa do marido sumir, todo mundo dizer que arranjou outra e ela dizer que tinha certeza de que tinha acontecido alguma coisa foi o mote da novela", conta Bia.