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'Perdemos as janelas da modernidade', diz ator Bemvindo Sequeira

Cultura

'Perdemos as janelas da modernidade', diz ator Bemvindo Sequeira

Morando em Portugal, humorista critica falta de representatividade do governo Bolsonaro e lamenta 'evasão de cérebros' do Brasil

'Perdemos as janelas da modernidade', diz ator Bemvindo Sequeira

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 22 de julho de 2020 às 14:17

O ator e humorista Bemvindo Sequeira conversou hoje (22) com Mário Kertész durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole em bate papo descontraído, mas com preocupação em relação aos rumos do Brasil diante das crises política, econômica e sanitária na pandemia de coronavírus. Para o dramaturgo, o país perdeu o protagonismo adquirido nos últimos anos. "Eu não imaginava que o Brasil fosse isso não. Eu sabia que a gente era quase um circo e um hospício, mas não sabia que a gente era pior do que a gente imaginava. É uma coisa absurda", disse o artista.

"Perdemos todas as janelas de modernidade dos últimos tempos. As janelas que se abriram para o Brasil fechamos e emparedamos. Se hoje estabelecer um governo patriótico, nacionalista, honesto e progressista, seja ele qual for mas que tenha um projeto de nação, vai precisar de 30 ou 40 anos para reerguer o Brasil. Estamos atrasados 30 ou 40 anos em relação ao resto do mundo", acrescentou o ator, culpando o presidente Jair Bolsonaro pelo retrocesso.

"A política de Bolsonaro remota ao início do século XX, 1900 ou 1890, nos costumes, cultura, ciência e tecnologia. Qual é nossa tecnologia e o que tem se feito de pesquisa no Brasil? A evasão de cérebros no Brasil é gigantesca. Temos em Portugal 200 mil brasileiros. Se olhar o que tem artistas aqui tem para mais de 30 nomes de grandes artistas morando em Portugal que não aguentaram o Brasil", diz. 

Sequeira comentou a falta de apoio do presidente da República. Segundo ele, mesmo eleito pela maioria do povo brasileiro, Bolsonaro não reflete o mandato com representatividade popular. "Juscelino Kubitschek sofreu dois levantes militares porque eles não consideravam que ele tinha representatividade por ter sido eleito com 36% dos votos. Bolsonaro foi eleito com menos percentual ainda, com 33% dos votos. Ele não tem essa representatividade. Dos 33% que ele foi eleito, ele deve ter 28 ou 30%. Foi uma minoria que chegou ao poder e que parece uma maioria. É por isso que volto a bater que nós somos 70%", disse Bemvindo, reforçando o papel do bolsonarismo nas redes sociais.

"O que há é uma militância e dominam os meios de comunicação da internet, que hoje são os grandes meios de comunicação. Há uma elite do atraso brasileiro que aposta que pode controlar Bolsonaro e fazer ele ser Paz e Amor, continuar no governo e aplicar o plano neoliberal de Paulo Guedes. Aí nada anda, Bolsonaro continua no poder e de vez em quando solta uma pérola de estupidez e o gado vibra, como levantar a embalagem farmacêutica da cloroquina e o gado gritar Glória, Aleluia", citou.