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Maestro da Neojiba fala de projeto e acredita em ‘renascimento’ da arte pós-pandemia

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Maestro da Neojiba fala de projeto e acredita em ‘renascimento’ da arte pós-pandemia

Da Suíça, onde mora, Ricardo Castro falou também sobre a necessidade de devolver à sociedade as oportunidades que teve na vida

Maestro da Neojiba fala de projeto e acredita em ‘renascimento’ da arte pós-pandemia

Foto: Reprodução / Youtube

Por: Alexandre Galvão no dia 24 de julho de 2020 às 12:08

Maestro responsável pela Orquestra Neojiba, Ricardo Castro disse acreditar que a arte vai se recuperar após a pandemia causada pelo coronavírus e o baque econômico que a crise sanitária trará. “A educação é algo que é um investimento importante. Temos que voltar a fazer gestão dos recursos e uma nação com poder econômico real. Sempre coloco o saneamento básico no início deles. Eu, se tivesse nessa dificuldade, investiria em processos educativos, mais do que na continuidade de uma atividade que recebeu um golpe. Temos recursos para as artes, para ela renascer. O tempo dessa pandemia vai ser grande para a gente conseguir voltar ao que era antes. Acho que não vai voltar. É o momento ideal para repensar nossa função, para preparar nossos gestores, nossa cultura num sentido mais amplo”, afirmou hoje (24), em entrevista a Mário Kertész e Malu Fontes, na Rádio Metrópole

O músico, que comando um dos projetos mais elogiados e premiados da Bahia no setor cultural, disse que a orquestra já se preparava para uma etapa virtual e narrou esforços que foram empregados para suplantar dificuldades de ordem prática, como a ausência de rede de internet e dispositivos. 

“Nesse momento, nossa orquestra está reunida no zoom, onde eles trabalham a concepção das obras. É um trabalho de interação para testar a animação da meninada, colocamos informações para eles continuarem estimulados a estudar. Tem a parte musical, que, claro não se compara ao presencial, mas minha função é estar antenado. A Neojiba investe em tecnologia digital, é futuro. Temos a ambição de estar em todos os lugares da Bahia. A internet veio para nos ajudar. Na nossa instituição, já tínhamos adquirido uma série de plataformas de ensino à distância. Claro que isso não resolve a vida dos alunos, fizemos levantamento de quem tinha problemas e oferecemos pacote de dados, a maioria pode não ter uma cama boa, mas tinha um celular. Fizemos uma campanha para levantar fundos, recebemos doação para comprar tablets. Fizemos um movimento que ainda continua para chegar aos quase 2 mil atendidos”, apontou.  

Da Suíça, onde mora, Ricardo Castro falou também sobre a necessidade de devolver à sociedade as oportunidades que teve na vida. Segundo ele, esse sentimento fez com que aceitasse comandar a Neojiba, desde o início do governo Jaques Wagner, chegando à gestão do governador Rui Cosa. “O Parque do Queimado é um pequeno exemplo do que deveríamos fazer para todas as crianças do país. Chamo de pequeno, pois temos que fazer muito mais. Temos uma segunda fase em projeto. O Neojiba é muito luminoso, mas pequeno diante dos problemas. Não vai resolver problemas da violência, da economia. O custo-benefício é muito bom para a Bahia. […] Eu costumo repetir aos nossos jovens, pois nós abrimos portas inéditas. Eu costumo dizer que muito cuidado, pois é fácil sair daqui, fazer sua vida, mas a pessoa não vive bem sabendo que a família continua vivendo as dificuldades do Brasil, os amigos. Eu vivi essa realidade, apesar da minha família não passar dificuldades. Sempre que vim pro Brasil, nunca foi fácil ver criança vendendo bala no sinal, essa guerra civil dissimulada”.