
Educação
ISC-UFBA integra missão na França para ampliar uso de analgesia no parto normal
Projeto “Parto sem Dor” busca adaptar práticas francesas de analgesia peridural ao SUS e reduzir taxas de cesáreas no Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA) participou, entre 19 e 24 de outubro, de uma missão internacional na França dedicada à analgesia no parto normal. A viagem ocorreu a convite do embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, e reuniu representantes das secretarias de Saúde da Bahia, Rio de Janeiro e Fortaleza.
A iniciativa integra o Projeto Parto sem Dor, parceria técnico-científica entre o ISC-UFBA, a Fiocruz, centros hospitalares universitários de Lille e Angers e maternidades brasileiras. O objetivo central é conhecer práticas francesas de analgesia peridural, utilizada em 85% dos partos naturais no país, e adaptá-las à realidade brasileira. O modelo é apontado como um dos fatores que ajudam a manter a taxa de cesáreas da França em cerca de 20%, uma das menores do mundo.
Entre os convidados, estavam: Mônica Neri (ISC-UFBA), Maria do Carmo Leal (Fiocruz), Paulo Barbosa (Bahia), Daniel Soranz (Rio) e Riane Azevedo (Fortaleza). Durante a visita, o grupo acompanhou rotinas de atendimento nos hospitais franceses, observou a organização das equipes e os protocolos de analgesia, além de apresentar dados obstétricos brasileiros e discutir caminhos para implementar o modelo no SUS.
A delegação também foi recebida pela prefeitura de Angers e participou de reuniões no Ministério da Saúde da França e na Alta Autoridade de Saúde. Em Paris, a Academia de Cirurgia elogiou a iniciativa, destacando seu potencial para reduzir desigualdades de gênero e ampliar direitos das mulheres.
Para Mônica Neri, o Brasil enfrenta “uma epidemia de cesáreas desnecessárias”, e a expansão da analgesia peridural pode ajudar a estimular o parto normal. “Estudos mostram que 85% das mulheres desejam cesárea por medo da dor”, afirmou.
O projeto já começou a ser implantado em maternidades do Rio e de Fortaleza, enquanto a Secretaria da Saúde da Bahia negocia a entrada de unidades do estado. As próximas etapas incluem uma audiência pública no Congresso Nacional, em dezembro, e a realização de seminários no Rio, Fortaleza e Salvador, com participação de especialistas franceses.
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