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Inveja: desvalorização de si e supervalorização do outro; confira artigo

A tendência geral é ver a inveja como algo negativo. Mas, como tudo na vida tem dois lados, não seria diferente nem mesmo em relação ao mais inconfessável dos pecados capitais, também conhecido como mal secreto, uma vez que seus sintomas não são aparentes. [Leia mais...]

Inveja: desvalorização de si e supervalorização do outro; confira artigo

Foto: Reprodução/Getty Images

Por: Matheus Simoni no dia 17 de setembro de 2015 às 14:10

O artigo desta semana da apresentadora do programa Cabeça de Homem, Maiara Liberato, fala sobre o pecado da inveja e suas particularidades. O programa vai ao ar aos domingos, ao meio dia. Confira o artigo completo:

Inveja: desvalorização de si e supervalorização do outro

A tendência geral é ver a inveja como algo negativo. Mas, como tudo na vida tem dois lados, não seria diferente nem mesmo em relação ao mais inconfessável dos pecados capitais, também conhecido como mal secreto, uma vez que seus sintomas não são aparentes. Neste momento, surge a seguinte questão: qual é, mesmo, o lado bom da inveja?

Não é a boa inveja, certamente, pois quando alguém fala isso para um outro – e olha que já presenciei inúmeras situações assim – não vejo essas pessoas se esforçarem para conseguir, por méritos próprios e sem desmerecer ninguém, aquilo que foi objeto desse sentimento. O que percebo é que a vida segue e as pessoas também, do mesmo jeitinho de antes.

Quando a inveja serve de estímulo para o crescimento alheio e para o cultivo de novas competências, ela é positiva para os indivíduos e todo mundo ganha. Como bem sinalizou Sérgio Siqueira, publicitário e fotógrafo, “cada sucesso de uma pessoa leva outras pessoas também para o sucesso. Muita gente sobe. Se você tiver na empresa 10 sucessos, vão 100 subir”. Porém, quando ela causa incômodo e mal estar, a depender da forma como cada um processe essa questão, as consequências podem ser desastrosas.

Contornos da Inveja

É importante ter consciência que a inveja faz parte da natureza humana. Todos já a sentiram ou sentirão, ao menos em algum ou alguns momentos da vida. Mas há uma variação entre os comportamentos das pessoas.

Tem gente que sente inveja e guarda para si esse desconforto íntimo. Tem outras pessoas que saem falando mal daquele que lhes faz sentir-se tão inferior e, a depender do que falem e inventem, o que está no porvir pode não ser boa coisa.  Mas, a sabedoria popular tem uma grande lição a nos dar: “se João fala mal de Maria, sei mais de João do que de Maria”, então, fique atento.

Há ainda os indivíduos que se ocupam tanto da vida alheia, que acabam por si desocupar de si, deixando a sua vida em segundo plano e gastando a maior parte da sua energia com o outro, atuando de forma vil a prejudicar essa pessoa, tanto quanto possa. “Quando ele faz isso, ele se nega e trabalha contra si e contra o outro. Inveja é raiva pelo outro ter ou ser o que ele não é e não tem”, enfatiza o psiquiatra e terapeuta César Romero, que complementa que a inveja pode se tornar meio doentia, pois “o invejoso sente uma felicidade imensa com o fracasso do outro. É quase uma coisa orgástica!”.

Visão Turva

Quando nos incomodamos muito com o outro, perdemos tempo e energia. A grande questão está em nos compararmos a todo instante. “Toda vez que você se compara com alguém, você se desqualifica”, salienta Romero. E tende a ficar numa competição constante e inútil, pois essa é uma questão pessoal, individual e intransferível. É você brigando sozinho, pois o foco do outro não é você.

Se não há, neste mundo, duas pessoas iguais – e todos sabemos disso – como podemos nos comparar com o intuito de sermos similares ou melhores que qualquer ser humano? Isso é insano! E ninguém para para fazer uma reflexão mais profunda a esse respeito. A tendência é supervalorizar o outro, através da fantasia que temos ou fazemos dele(a) e nos diminuir.

Gosto muito da forma como dois campeões da natação combateram os desafios e enfrentamentos inerentes à sua profissão de esportistas profissionais, onde é considerado vencedor aquele que atingir o menor tempo nas provas. Enquanto César Cielo anotava a duração dos seus treinos no caixote de uma porta e sempre se prometia ser melhor no dia seguinte, o treinador deMichael Phelps fazia um treinamento mental com ele, antes de iniciar o treino físico: pedia que se imaginasse fazendo todo o circuito e sagrando-se vencedor, que pensasse em cada detalhe, desde a caída na piscina (a forma como mergulharia), todas as possíveis adversidades do trajeto e como ele venceria cada uma delas, até o momento final em que ele seria campeão e quebraria todos os recordes de tempo. Só depois de fazer esse processo mental, diariamente, durante 5 ou 7 anos seguidos, era quePhelps tinham liberação para adentrar, literalmente, na água. O resultado, todos nós sabemos: vitórias consecutivas.

Qual a maior lição de tudo isso? Nenhum desses dois vencedores, apesar de precisar superar outros excelentes atletas para se sagrarem campeões, nunca tiveram ninguém, além deles mesmos, como seu maior rival ou seu maior desafio. A meta deles sempre foi: vence-te a ti mesmo, uma máxima tão antiga e ainda tão atual e necessária.

Quais são as suas forças?

Todos têm qualidades e virtudes. Então, ao invés de se incomodar de o outro ser algo que você não é, faço duas propostas: 1) examine as suas qualidades e virtudes e trabalhe para fortalecê-las e 2) se quiser, realmente, ter alguma habilidade que o outro tem, tome-o como modelagem e se esforce para desenvolver isso em si. Se o outro cair, ele jamais perderá o brilho próprio. E você também não.

Já se você sofre por alguém ter o que você ainda não conquistou, empenhe seus esforços e inteligência e vá à luta, sem prejudicar ninguém, pois de fato você não precisa disso, apesar de achar que sim. Estude, trabalhe, trace metas, crie estratégias para seus objetivos e atue com disciplina. Exemplos exitosos de pessoas que saíram “do nada” e construíram verdadeiros impérios há aos montes, como fonte de inspiração. O sucesso tem um preço!

Seu foco deve ser, unicamente, você! Use a sua inteligência a seu favor, pois há, apenas, duas coisas na vida que não temos o poder de mudar: o passado e os outros. Então, não perca seu tempo, sua energia e, muitas vezes, seu dinheiro.

Comportamento cultural

Um ingrediente que acaba por colocar “lenha na fogueira” é a cultura ocidental, que tende a valorizar o número um, como sendo o único vencedor. Isso estimula a competição e pode reforçar a baixa autoestima de algumas pessoas.

Mas, para haver êxito, é preciso trabalho e esforço. “As coisas não acontecem por si sós. É uma ilusão você achar que as coisas acontecem por acaso”, frisa Romero, dizendo que o mais difícil não é ter sucesso momentâneo, mas sustentá-lo por muitos anos na carreira, seja em que área for.

Tom Jobim bem dizia que fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal! Incomoda as pessoas! Infelizmente, há em nosso país uma cultura em que as pessoas não podem reconhecer as suas competências, pois acaba por ser vista como esnobe, enquanto se diminuir é permitido, para que o outro a valorize. Quanta inversão de valores!

Quando agimos dessa forma, deixamos que o outro decida quem somos nós e qual é o nosso lugar. Talvez seja também por isso, que ainda estamos tão atrasados no aspecto pessoal e profissional.

A inveja mora ao lado

As pessoas recriminam os irmãos, parentes, amigos, casais, vizinhos e colegas de trabalho, quando descobrem quem sente inveja de quem. Engana-se quem pensa que a inveja é algo distante. Não! Só se tem inveja de quem está perto, de quem tem as mesmas condições que você, em algum aspecto, mas que faz conquistas que você não faz.

A falta de preparo para lidar com as questões e conflitos emocionais e existenciais, que fazem parte da vida, nos deixa completamente alienados. Não sabemos como administrar a inveja entre irmãos, casais e amigos, sobretudo. Uma boa dica vai para os pais: evite comparar seus filhos, não diga algo como “você devia fazer ou ser como seu irmão(ã)”. Esse é o início de muitas competições e da baixa auto estima que cerca as pessoas que sofrem de inveja.

Tudo na vida tem jeito, mas precisa vontade, decisão e ação. Pois, como bem colocou Siqueira, a vida dá oportunidade para as pessoas se corrigirem. “O homem nasceu com defeito de fabricação, mas a vida dá oportunidade de corrigir isso. Essa é a grande vantagem”. Aproveite!

Consequências mais sérias

Além de tudo isso, ele ainda tende a responsabilizar o outro pelas suas desgraças e não conquistas.

O mais importante para o invejoso, é querer que o outro perca. É um sentimento mesquinho, pobre. Somos criados para ser pródigos em sentimentos de amor e carinho...a inveja é o contrário disso. – CR