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Promessas no kart da Bahia, jovens pilotas lutam contra machismo no esporte

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Promessas no kart da Bahia, jovens pilotas lutam contra machismo no esporte

Mariana Marcelino, 14, e Mirella Barral, 17, desbravam o esporte que historicamente é considerado um meio masculino

Promessas no kart da Bahia, jovens pilotas lutam contra machismo no esporte

Foto: Acervo pessoal

Por: Augusto Romeo no dia 18 de junho de 2021 às 11:22

O automobilismo é historicamente um esporte predominantemente masculino. Na Bahia, no entanto, duas jovens pilotas tem acelerado contra o machismo e demonstrado que é possível, sim, reverter esta máxima. 

Mariana Marcelino, 14, e Mirella Barral, 17, são duas das poucas meninas que correm no Kartódromo Ayrton Senna, no bairro de Ipitanga, em Lauro de Freitas.

Quando ia correr, Mirella sentia a diferença no tratamento. "No começo, tinha muita vergonha de estar lá", disse em entrevista ao Metro1. Mesmo assim, a jovem pilota não se deixou abater pela desconfiança. "Quando eu chego lá, acham que eu estou só acompanhando, que eu não vou andar. Quando começo a me vestir, as pessoas ficam me olhando. Quando eu saio, homens, adultos, que eu nunca vi na vida, vem falar comigo dizer que eu estou de parabéns. Fico muito feliz. Toda vez que eu vou, sinto que causo uma reflexão nessas pessoas", concluiu.

"A gente quer mostrar que a gente também pode. Temos medo de sermos subestimadas, então treinamos muito para sermos as melhores", diz Mariana, que é bailarina e foi fisgada pelo volante durante uma aula experimental. "É muito doido. Eu fiquei impressionada, é uma distração mesmo, você foca completamente e só pensa naquilo. Antes eu via o kart como uma distração, mas hoje eu já tenho vontade de me profissionalizar", conclui.

Mirella é incentivada pelo pai, o também piloto Marco Barral. "Elas tem um pouco daquela história de querer superar os homens, de não querer perder", diz, apontando as características ideais de um bom competidor. O piloto Zilney Campello também apoia a iniciativa das meninas. Para ele, é muito importante "inserir a mulher nesse ambiente, que é muito masculino". 

Mariana concorda com o pai da colega: "Dentro da pista é uma coisa, fora é outra. No asfalto tem uma rivalidade, e fora todo mundo é amigo, todo mundo se ajuda".

O pai de Mirella e a mãe de Mariana têm consciência da importância do esporte na vida das filhas e do dom delas para pilotar. "Ver poucas mulheres no kart e ver ela desbravando esse meio, a gente fica muito orgulhosa", afirma Tais Marcelino, mãe de Mariana. De qualquer maneira, como todo pai e mãe coruja, ficam aflitos quando elas vestem seus macacões. "Ela morre de medo quando entro na pista, se treme toda. Quando eu saio, até solta um suspiro!", revela Mariana sobre a preocupação de sua mãe.