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Há 30 anos, Raudinei entrava para a história do BaVi com gol no último minuto

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Há 30 anos, Raudinei entrava para a história do BaVi com gol no último minuto

O atacante decidiu a final do Baianão 94 diante de mais de 100 mil torcedores na velha Fonte Nova

Há 30 anos, Raudinei entrava para a história do BaVi com gol no último minuto

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 07 de agosto de 2024 às 09:20

Atualizado: no dia 07 de agosto de 2024 às 12:10

Não é spoiler, pois todo mundo já sabe o final dessa história clássica: o cara faz o gol no último minuto e dá o título ao seu time e à sua torcida apaixonada. O nome do mocinho é Raudinei Anversa Freire, ou simplesmente Raudinei, aquele que, desde o dia 7 de agosto de 1994, virou sinônimo de tento marcado no apagar das luzes. “Pois é, lá se vão 30 anos… eu estava no estádio, saí louco, vibrando, parecia mesmo um filme. Minha mãe é Vitória e, na saída, apesar de também estar revoltada, aproveitou e pegou uma camisa oficial, novinha, que um cara jogou fora em nossa frente”, conta Jailson José Gomes, hoje com 44 anos.

O estádio citado é a velha Fonte Nova, que foi palco, naquele domingo, da final do Campeonato Baiano. O Bahia disputava o bi, o Vitória era o atual vice-campeão brasileiro e tinha nomes como Ramon Menezes no elenco. Uma batalha épica assistida por 97.200 pagantes — o publico total ultrapassando as 100 mil pessoas. Tempo em que, muito ao contrário da mesquinharia da “torcida única” atual, havia a torcida mista, com camisas tricolores e rubro-negras dividindo o mesmo espaço. “Eu assisti na mista. Fui com meu tio e meu primo. Os dois Bahia. Eu sou Vitória, fiquei put*, é claro, mas hoje agradeço por ter vivido aquele momento de nosso futebol”, diz o gerente comercial Oscar Santos.

Só para se ter uma ideia da dimensão da coisa, poucos dias antes o Brasil conquistava o tetra, na Copa do Mundo dos Estados Unidos. E no Rose Bowl, onde nossa seleção enfrentou a Itália, o público bateu 94.194, isto é, tinha mais gente na Fonte Nova para assistir o BaVi. “Era outro mundo mesmo, o dólar valia 90 centavos, tá lembrado?”, destaca Oscar.

Foi nesse cenário e nesse clima que o jogo acabou o primeiro tempo com o Vitória metendo 1 a 0, gol de Dão. O Bahia, sob comando de Joel Santana, jogava pelo empate, pois tinha vencido os dois turnos finais. Naquele mesmo campeonato, porém, o leão já tinha goleado o tricolor com dois 4x0. E é aí que entra o pé quente do predestinado. “Eu me lembro que Souza tocou a bola para mim, entre dois zagueiros, e eu tive a intenção de dar um toquinho para dominar antes de chutar, mas a bola caiu na minha perna boa, a esquerda, e eu bati de primeira”, conta o próprio Raudinei, em depoimento para o livro de Luiz Antonio Gomes, “Raudinei aos 46”, publicado em 2007.

O lance inteiro merece menção. Já estava no fim da partida e o Vitória vinha se sagrando campeão. Uma confusão interrompe o jogo por alguns minutos. E, na volta, o Bahia sai jogando: o goleiro Jean tocou para Missinho, Missinho lançou para o companheiro de zaga Adivaldo, este deu de cabeça ao volante Souza que, também de cabeça, passou a Raudinei, bem de frente para o gol da ladeira. Após um leve tropeço, o atacante ainda tem a bola quicando na mira de seu pé esquerdo e estufa a rede do goleiro Roger. Daí em diante é história.

Em comemoração ao tento que reforçou a mística do time, o Esporte Clube Bahia lança, nesta quarta-feira (7), uma camisa especial, baseada naquela usada no jogo de 1994. A nova camisa já está à venda no site Loja Esquadrão e custa R$ 249,99, com pré-venda exclusiva para sócios. O próprio Raudinei, que é natural de Marília, no interior de São Paulo, estará presente no Museu do Bahia, onde entregará o uniforme a 94 sócios sortudos.

A série de depoimentos a respeito do Gol de Raudinei, assim mesmo, com maiúscula, é infindável. Já rendeu, além do citado livro, comunidades no extinto Orkut e fóruns em outras redes sociais. “Eu estava na Povão, como sempre, e já estava um tanto desanimado vendo o tempo passar e o placar não mudar. Mas, no fundo, alguma me dizia que não era para ir embora… esperei e fui recompensado, nunca vou esquecer aquele jogo! Raudinei, meu filho, que cagada maravilhosa você deu!!!”, brinca o torcedor Edvan Maricá.