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Biometria facial reduz cambistas em jogos do Bahia e Vitória, mas impacta número de sócios de clubes

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Biometria facial reduz cambistas em jogos do Bahia e Vitória, mas impacta número de sócios de clubes

Tecnologia trouxe mais segurança aos estádios e inviabilizou práticas como o cambismo e aluguel de carteirinhas, comum entre torcedores

Biometria facial reduz cambistas em jogos do Bahia e Vitória, mas impacta número de sócios de clubes

Foto: Divulgação/Etice

Por: Laisa Gama no dia 04 de agosto de 2025 às 16:40

Atualizado: no dia 04 de agosto de 2025 às 16:53

A biometria facial virou aliada dos clubes Bahia e Vitória no combate ao velho conhecido dos estádios: o cambismo. Desde que a tecnologia passou a ser exigida nos acessos da Arena Fonte Nova e do Barradão, as tentativas de fraude diminuíram — mas não desapareceram. Ainda há quem tente burlar o sistema. Em contrapartida, o novo modelo também tem provocado reações entre os sócios, afetando até os números de adesão.

A biometria facial foi determinada pela Lei Geral do Esporte para estádios com mais de 20 mil lugares a partir de junho de 2025. A justificativa da legislação era não só aumentar a segurança, mas também combater fraudes como o cambismo. O torcedor agora precisa, na hora da compra, cadastrar seu rosto em uma plataforma digital para ter acesso aos estádios. Câmeras instaladas nas catracas realizam o reconhecimento facial em tempo real, o que impede o uso de ingressos por terceiros e bloqueia a entrada de pessoas com histórico de violência ou mandados de prisão.

No Barradão
Os testes da biometria facial no Barradão começaram ainda em 2023 com alguns grupos de sócio, o rubro-negro foi um dos primeiros do país a iniciar o processo. Em junho deste ano, encerrou de vez a venda de ingressos físicos, adotando apenas a versão digital com entrada por biometria facial.

Na Arena Fonte Nova
Já a Arena Fonte Nova adotou a biometria de forma escalonada a partir de agosto de 2024. O sistema passou a ser obrigatório em setores específicos, como o Cadeira Sudeste e o Visitante desde o jogo entre Bahia e Paysandu, no dia 21 de maio, pela Copa do Brasil. 

“Ingresso, ingresso”

Diretor de Operações e Relações Institucionais do Bahia, Vitor Ferraz aponta impactos diretos da biometria facial para o clube. Segundo ele, a análise inicial já é de maior segurança e praticidade. “E tem um forte impacto em relação à prática do cambismo, que a gente já não verifica mais a ocorrência”, afirma.

Apesar do otimismo da diretoria, torcedores do Bahia relatam que o problema ainda persiste, embora em menor escala. O tricolor Bruno Santana conta ter presenciado, nos últimos jogos, abordagens de venda ilegal nas imediações da Fonte Nova. “Diminuiu comparado ao que acontecia antes, mas ainda acontece. É a abordagem de sempre: ‘Ingresso! Ingresso setor X, só eu tenho’”, relata. Ainda assim, ele reconhece avanços: “Melhorou a questão das filas para entrar, é prático e aumenta a segurança de quem frequenta".

No lado rubro-negro da cidade, torcedores do Vitória também notam uma queda nas ações de cambistas, mas confirmam que a prática não foi extinta. No entorno do Barradão, alguns ainda tentam vender ingressos alegando ser possível transferir a titularidade: bastaria o comprador baixar a plataforma do clube e realizar o reconhecimento facial para validar o bilhete.

A explicação, no entanto, não convence parte da torcida, que teme cair em golpes ou ser barrada na entrada por inconsistência nos dados biométricos.

Aluguel de sócio

Em compensação, a implementação da biometria facial também tem gerado efeitos colaterais para os clubes, especialmente no número de sócios. A exigência do reconhecimento individual tem dificultado a prática comum de aluguel de carteirinhas de sócios, o que pode explicar a queda recente na adesão em alguns clubes, como o Vitória. Em abril, o rubro-negro alcançou o recorde de 44 mil associados, mas segue agora com cerca de 33 mil sócios ativos, segundo dados do site oficial Sou Mais Vitória. Queda que pode estar relacionada à má fase do grupo, mas também à inviabilidade dessa prática com a biometria facial. 

Apesar disso, para Éder Miranda, diretor do programa Sou Mais Vitória, a biometria facial acaba trazendo, além do ganho operacional, essa maior confiabilidade no acesso dos sócios. “O Sou Mais Vitória é um programa pessoal e intransferível e com o reconhecimento facial garantimos o direito de cada sócio que realize o seu check in, de estar nas arquibancadas e cadeiras do Barradão apoiando o time”, disse. 

O aluguel de sócio não acontecia só no Vitória. No Bahia, torcedores já chegaram a ser punidos por terem comercializado a sua carteira de sócio como ingresso e muitas vezes  por valores abusivos, principalmente nos jogos de maior demanda.