
Esportes
Torcedores denunciam preços “extorsivos” e pedem suspensão da venda de ingressos da Copa do Mundo
Grupos pressionam Fifa após valores para 2026 atingirem patamares inéditos e distante da tradição de acesso popular ao torneio

Foto: Divulgação/Fifa
Grupos de torcedores de futebol solicitaram formalmente à Fifa a suspensão imediata da venda de ingressos para a Copa do Mundo do próximo verão, alegando que os preços praticados são “extorsivos” e representam uma “traição monumental” à tradição de que o Mundial seja um evento acessível a todos.
O sorteio principal de ingressos, para o torneio que será realizado nos Estados Unidos, México e Canadá, foi aberto na última quinta-feira (11), oferecendo aos fãs a primeira oportunidade de compra após a definição dos confrontos da fase de grupos. A Fifa também divulgou às federações nacionais os valores das cotas destinadas a cada país.
De acordo com as tabelas distribuídas, os ingressos considerados “econômicos” para a final começam em US$ 4.195 (R$ 22,8 mil). Os assentos “padrão” chegam a US$ 5.575 (R$ 30,2 mil), enquanto os “premium” atingem US$ 8.680 (R$ 47 mil).
Os preços para jogos da primeira fase também chamaram atenção:
- US$ 380 (R$ 2.060) por um ingresso “padrão” para Qatar x Suíça, na Califórnia;
- US$ 500 (R$ 2.711) para a abertura Croácia x Inglaterra, em Dallas;
- Ingressos “econômicos”, poucos disponíveis, começam em US$ 265 (R$ 1.437).
Os valores variam conforme equipes em campo e localização das arenas. Cerca de 2 milhões de ingressos já foram vendidos em pré-vendas, muitos deles por valores considerados inacessíveis para grande parte do público.
A FSE (Football Supporters Europe), que reúne torcedores de diversos países, pediu à Fifa que pare a comercialização até que haja uma revisão. Para a entidade, os preços atingiram “níveis astronômicos”.
“Esta é uma traição monumental à tradição da Copa do Mundo, ignorando a contribuição dos torcedores para o espetáculo”, afirmou a FSE, defendendo que as vendas só sejam retomadas com um modelo que respeite a universalidade e o significado cultural do torneio.
Segundo a própria FSE, um torcedor precisaria desembolsar ao menos US$ 6.900 (R$ 37,4 mil) para acompanhar sua seleção desde a estreia até a final, quase cinco vezes mais do que no Mundial de 2022, no Qatar.
A Fifa já vinha sendo criticada pela adoção de preços variáveis conforme demanda e pela criação de uma plataforma oficial de revenda, na qual retém 15% do valor cobrado tanto do comprador quanto do vendedor.
A entidade espera arrecadar mais de US$ 11 bilhões (R$ 59,7 bilhões) no ciclo que se encerra com a Copa de 2026, acima dos US$ 7,6 bilhões (R$ 41,2 bilhões) do ciclo anterior. O Mundial deste ciclo foi ampliado para 48 seleções, em comparação às 32 do Qatar.
Durante um evento na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o presidente da Fifa, Gianni Infantino, pelas vendas recordes: “vendemos mais ingressos do que qualquer país em qualquer lugar do mundo nesta fase do torneio”, afirmou Trump ao entregar o primeiro “prêmio da paz” da Fifa a Infantino.
Procurada, a Fifa reafirmou que sua política de preços “reflete práticas de mercado” dos países-sede e que as taxas da plataforma de revenda seguem “tendências do setor na América do Norte”.
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