
Internacional
Como países reagiram à investida norte-americana contra o Irã
A entrada direta dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã provocou uma onda de reações pelo mundo

Foto: Official White House/Joyce N. Boghosian
A entrada direta dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã, com ataques a três complexos militares iranianos neste fim de semana, provocou uma onda de reações pelo mundo, variando entre apoio, críticas e apelos por moderação. A ofensiva marca uma escalada significativa nove dias após o início da campanha militar israelense contra alvos iranianos.
ONU teme que o conflito saia do controle
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o envolvimento direto dos EUA representa uma “ameaça direta à paz e à segurança internacional” e há risco de o conflito sair do controle.
"Há um risco crescente de que este conflito saia rapidamente do controle — com consequências catastróficas para os civis, a região e o mundo", declarou Guterres, em nota publicada pela ONU.
União Europeia pede retomada negociações
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, conclamou todos os lados do conflito entre EUA, Israel e Irã a retomarem as negociações.
"Não se deve permitir que o Irã desenvolva uma arma nuclear, pois isso seria uma ameaça à segurança internacional. Peço a todos os lados que recuem, voltem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada", escreveu Kallas na rede X.
Reino Unido declara apoio à ação dos EUA
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou apoio à operação americana contra o programa nuclear do Irã, embora tenha reforçado a necessidade de uma solução diplomática.
"O programa nuclear do Irã é uma grave ameaça à segurança internacional. Não se pode permitir que o Irã desenvolva uma arma nuclear e os EUA tomaram medidas para mitigar essa ameaça. [...] Apelamos ao Irã para que retorne à mesa de negociações", afirmou Starmer.
Alemanha avalia que ataque afetou programa iraniano
O chanceler alemão, Friedrich Merz, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ataque dos EUA. Segundo a imprensa local, ao contrário do Reino Unido, a Alemanha não foi informada previamente da ação militar. Merz pediu ao Irã que inicie imediatamente negociações com os EUA e Israel para alcançar uma solução diplomática.
Mais tarde, o ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, defendeu a intervenção americana, afirmando que impedir o Irã de obter uma arma nuclear é uma medida legítima. Segundo ele, “o próprio Irã ultrapassou as linhas vermelhas”.
França pede moderação
A França pediu moderação a todas as partes envolvidas após os ataques dos EUA. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, reforçou a necessidade de uma solução negociada, destacando o papel do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares como caminho para uma resolução duradoura do impasse.
Críticas severas de adversários dos EUA
Rússia, China, Cuba e Venezuela condenaram a ofensiva americana. O governo russo classificou os bombardeios como “irresponsáveis” e “violações grosseiras do direito internacional”. A China pediu cessar-fogo imediato. A Venezuela denunciou a ação como “agressão militar” e o líder cubano, Miguel Díaz-Canel, alertou para uma crise de “consequências irreversíveis”.
Preocupação no Oriente Médio
O Catar, mediador entre Israel e Hamas, alertou sobre “consequências catastróficas” da escalada. A Arábia Saudita também demonstrou “grande preocupação” com os ataques e seus desdobramentos.
Brasil condena ataque
O governo brasileiro repudiou o bombardeio, classificando a ação conjunta de EUA e Israel como uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional”. Em nota, o Planalto defendeu o uso pacífico da energia nuclear e condenou ataques que atingiram civis, incluindo um hospital em território israelense.
Críticas internas nos EUA e protestos
A oposição democrata criticou fortemente a decisão de Trump por lançar o ataque sem o aval do Congresso. A deputada Alexandria Ocasio-Cortez afirmou que a ação representa uma “grave violação” constitucional e pode ser motivo para impeachment. Já o deputado Jim McGovern disse que os EUA foram “ilegalmente arrastados para uma guerra”.
O domingo foi marcado por uma série de protestos em diversas cidades do mundo. Nos Estados Unidos, Nova York e Los Angeles, os atos reuniram milhares de pessoas para repudiar o ataque às usinas nucleares iranianas, ocorrido no último sábado.
Papa pede fim imediato da violência
Durante sua oração semanal, o papa Leão 14 pediu que a comunidade internacional aja para evitar um “abismo irreparável”. Ele afirmou que nenhuma vitória militar compensa “a dor das mães e o futuro roubado das crianças”.
A ação americana representa uma mudança drástica na dinâmica do conflito, ampliando os riscos de uma guerra regional de grandes proporções. A comunidade internacional agora se vê diante de um desafio urgente: conter a escalada e buscar uma solução diplomática antes que a violência se torne incontrolável.
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