O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (7) que, diante da atual configuração geopolítica, não há instituições com credibilidade suficiente para intermediar negociações de paz em conflitos como os da Ucrânia e do Oriente Médio.
“Ninguém pede licença para fazer guerra. Toma a decisão e vai fazendo. Depois, a ONU perde credibilidade para negociar. Quem negocia a guerra entre Rússia e Ucrânia? Não tem uma instituição capaz de sentar na mesa com os dois que estão em guerra, fazer uma avaliação e fazer uma proposta”, declarou Lula, em conversa com jornalistas durante a 17ª cúpula do Brics.
O presidente também afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) não tem condições de liderar processos de paz porque alguns de seus membros permanentes no Conselho de Segurança estão diretamente envolvidos nos conflitos. O grupo é formado por China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.
Na cúpula do Brics, Lula voltou a defender uma reforma no Conselho de Segurança, com a inclusão de representantes da Ásia, da África e da América Latina. “O Conselho de Segurança da ONU, que deveria evitar que essas guerras acontecessem, são os promotores”, disse o presidente, referindo-se especialmente a Rússia e aos Estados Unidos.
Sobre o conflito entre Israel e Hamas, Lula voltou a criticar as ações militares em Gaza. “Vamos ser franco, o que está acontecendo em Gaza já passou da capacidade de compreensão de qualquer mortal do planeta Terra. Dizer que aquilo é uma guerra contra o Hamas? Só mata inocentes, mulheres e crianças”, afirmou.
O presidente defendeu novamente a criação de um Estado palestino como única solução duradoura para o conflito e questionou a ausência de ação das instituições internacionais. “Cadê a instituição multilateral para colocar fim nisso? Não existe. A ONU deveria estar coordenando, mas não pode coordenar porque está envolvida nisso”, concluiu.