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Próximo de completar 160 anos, Gabinete Português de Leitura luta por projeto de requalificação
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Próximo de completar 160 anos, Gabinete Português de Leitura luta por projeto de requalificação
Para o próximo mês, está prevista a exposição do pintor português Carlos Mota. A expectativa é que a exposição seja aberta ao público no dia 20 de abril e continue até 20 de maio

Foto: Metropress - Manuela Cavadas
Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 31 de março de 2022
Visitar o centro de Salvador é transitar entre o passado e o presente. Em meio ao ir e vir caótico, prédios centenários figuram em segundo plano, contrastando com a paisagem desordenada. Em um dos lugares mais movimentados, na Praça da Piedade, o Gabinete Português de Leitura (GPL) luta contra o esquecimento. “É uma joia perdida”, arremata Flávio Novaes, diretor de Cultura do espaço.
Fundado em 1863, o Gabinete completou em 2 de março 159 anos de fundação. A sociedade literária passou por diversos endereços até, em 1918, se estabelecer no prédio onde até hoje está situado. Naquele contexto histórico, Salvador e outras capitais brasileiras passavam por um processo de “embelezamento” arquitetônico, segundo explica o historiador Rafael Dantas. “Estava na moda ser Paris”, afirma.
Projetado por um arquiteto italiano e com estilo Neomanuelino — a arquitetura do reinado de D. Manuel —, o Gabinete Português se adequava ao ideal europeu que tentavam transpor aos trópicos.
Hoje, mais de um século depois, não há mais espaço para toda a imponência que o prédio irradia. A presidência do GPL lamenta que haja pouco interesse nas visitações. Na biblioteca, centenas de livros, revistas e jornais daqui ou de Portugal estão disponíveis para a consulta gratuita.
“Estamos com um projeto de restauro do GPL, com o objetivo de entregar para Salvador um aparelho acessível e disponível para qualquer tipo de evento”, afirma Daniel Bento, vice-presidente.
O projeto de modernização projeta financiamento do Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Até o momento, no entanto, a organização, sem fins lucrativos e mantida por descendentes de portugueses na Bahia, tem funcionado sem recursos públicos, apenas com a renda gerada por um estacionamento e cursos pagos.
MONTANHA DE LIXO
Enquanto o restauro não vem, nos arredores do Gabinete, um cenário se tornou comum: todos os dias, no final da tarde, montanhas de lixo se formam bem próximas às paredes do prédio.
A Limpurb diz retirar o lixo duas vezes por dia, pela manhã e à noite. Ainda assim, neste intervalo de tempo entre as coletas, a rua é tomada por detritos.
Para Daniel Bento, a desordem é vista como algo comum, porém evitável. “O centro da cidade até a década de 80 era nessa região. Quando isso migrou para o lado do Iguatemi, a desordem passou a ser regra por aqui”, analisa.
Enquanto uma solução não surge por parte do poder público, o Gabinete vai tentando sozinho entrar nos eixos para recuperar o espaço entre os soteropolitanos.
Até 2023, ano em que a organização comemora 160 anos de criação, a ideia é realizar diversos cursos e eventos no Gabinete para atrair novamente a população.
Para o próximo mês, está prevista a exposição do pintor português Carlos Mota. A expectativa é que a exposição seja aberta ao público no dia 20 de abril e continue até 20 de maio.
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