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Chama no chat: Jornal da Metropole simula entrevista com ChatGPT e aponta limitações da ferramenta

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Chama no chat: Jornal da Metropole simula entrevista com ChatGPT e aponta limitações da ferramenta

Ferramenta de Inteligência Artificial vira febre e levanta debate sobre as consequências de suas fragilidades e uso exagerado

Chama no chat: Jornal da Metropole simula entrevista com ChatGPT e aponta limitações da ferramenta

Foto: Metropress

Por: Mariana Bamberg no dia 23 de março de 2023 às 11:35

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 23 de março de 2023

Cada tecnologia minimamente promissora que surge vem com aquela sensação de  futuro. Com o ChatGPT não foi diferente. A impressão foi que o próximo passo seria a criação dos carros flutuantes e câmaras de rejuvenescimento. Tá, talvez tenha sido exagero. Mas o fato é que a plataforma - que, apenas com um clique, responde perguntas e cria textos - se tornou o assunto do momento e mostrou, mais uma vez, que a Inteligência Artificial não tem nada de futuro. Mas mesmo sendo do agora, ela sempre assusta. Afinal, as consequências das suas fragilidades e de seu uso exagerado não são como respostas facilmente recebidas no chat.

E olha que as plataformas até tentam. A reportagem fez uma espécie de entrevista com o ChatGPT e, quando perguntado sobre os problemas de seu uso exagerado, a própria ferramenta listou a dependência tecnológica, a inadequação de resoluções de problemas complexos, a possível perpetuação de preconceitos e discriminações e, claro, falta de emoção e empatia. Mas quando uma plataforma como essa é lançada, as principais questões levantadas costumam ser relacionadas ao mercado de trabalho e ao estudo. “Será que os estudantes vão deixar seus trabalhos a cargo da tecnologia? Será que profissionais vão ser substituídos pela plataforma?”, se perguntam os mais curiosos.

Filósofo e pesquisador, o professor Waldomiro J. Silva Filho reconhece as duas questões, mas não ousa responder, para ele, a principal preocupação deve ser com a construção do conhecimento. O professor lembra que esse era um percurso que passava necessariamente pela busca por livros, leitura e debates. “Agora, tudo aquilo que a gente levava um mês para fazer, recorrendo a 5 referências, pode ser feito em 4 segundos com 52 bilhões de livros como referências [...] Isso muda o perfil da inteligência. Deixamos de ser pesquisadores para ser buscadores, com o Google, e agora seremos perguntadores”, analisou o professor em entrevista à Rádio Metropole.

‘Perguntadores’ porque o ChatGPT funciona a partir de perguntas e pedidos. É possível, por exemplo, pedir que a ferramenta elabore um roteiro de filme sobre Lampião ou que escreva sobre maternidade seguindo o estilo shakespeariano. Os brasileiros, claro, já encontraram formas inusitadas e até “eficientes” do uso da plataforma. Tem quem passou a pedir ao chat conselhos sobre relacionamentos. Quem listou na plataforma tudo que tinha na geladeira e recebeu uma receita. E até quem pediu que o chat simulasse uma troca de carinhos quentes com o usuário. As respostas são sempre um texto ou tópicos com coerência e gramaticalmente corretos.

Mas até para a inteligência artificial existe limitação. O ChatGPT, apesar de se apresentar como algo disruptivo, se baseia apenas em dados inseridos na rede até 2021 e não revela a fonte das informações. A própria plataforma reconhece a possibilidade de fornecer respostas incorretas e a dificuldade de compreender nuances da linguagem humana, como sarcasmo e ironia. 

No teste feito pelo Jornal da Metropole, por exemplo, o chat foi pego em falso duas vezes. Primeiro, perguntada sobre quem era Lula, a plataforma informou que ele seria ainda um potencial candidato para as eleições de 2022. Depois, a ferramenta elaborou um texto sobre Salvador, informando que ela é a terceira cidade mais populosa do país, quando na verdade esse posto é de Brasília.

A expectativa do professor, no entanto, é que esses erros sejam cada vez mais raros. “A plataforma é aberta porque eles estão testando para conhecer os defeitos. Vão ficar cada vez mais eficientes”, prevê. Ainda assim, o professor acredita que o grande diferencial desse tipo de ferramenta é que ela torna o próprio usuário a autoridade máxima em decidir o que é justo e correto. É necessário, ao menos, saber perguntar da melhor forma possível para se obter uma resposta precisa. 

*Convém deixar claro que o ChatGPT não escreveu essa matéria.