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Iphan segue adotando política do silêncio diante de ilegalidade na construção de rooftop no Centro Histórico
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Iphan segue adotando política do silêncio diante de ilegalidade na construção de rooftop no Centro Histórico
Casario da Misericórdia será transformado em hotel de luxo após o fim da mostra Casas Conceito 2025

Foto: Metropress/Danilo Puridade
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 25 de setembro de 2025
Instituto responsável pelo patrimônio histórico e artístico nacional adota silêncio regulamentar sobre ilegalidade na construção de rooftop com piscina em área tombada, sem aval prévio do órgão; Casario da Misericórdia será transformado em hotel de luxo após o fim da mostra Casas Conceito 2025
Mais de duas semanas após o portal Metro1 denunciar a falta de autorização prévia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a construção de um rooftop em dois imóveis situados em conjunto tombado no Centro Histórico de Salvador, o que é expressamente proibido por lei, o órgão federal ainda não tomou qualquer atitude prática para punir os responsáveis - a saber, a empresária, decoradora e ex-apresentadora de TV Andrea Velame, idealizadora das Casas Conceito, mostra que ocupa três prédios, dois deles antigos e conhecidos como o Casario de Misericórdia, em frente à Praça Municipal.
Em 8 de setembro, o portal de notícias do Grupo Metropole publicou reportagem que revelou como a equipe coordenada por Andrea Velame ergueu, sem qualquer tipo de anuência do Iphan, uma cobertura de 500 metros quadrados no topo de dois prédios, sendo um deles histórico e o outro no terraço do imóvel que abriga uma agência do Bradesco no térreo. O tal rooftop, com direito a piscina e vista para a Baía de Todos os Santos, Palácio Rio Branco e Elevador Lacerda, foi construído para abrigar um restaurante requintado da rede Ori, pilotada pelo casal de chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca.
Antes de publicar a reportagem, o Metro1 procurou insistemente o Iphan para saber se tanto a reforma da fachada quanto a construção do rooftop tinham obtido autorização prévia do órgão, como determinam o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, e a Portaria nº 420, baixada pelo próprio instituto em 22 de dezembro de 2010. Foram sete dias sem respostas efetivas. O Iphan só se pronunciou depois que a denúncia foi publicada, ainda assim somente após o portal pedir a intervenção da assessoria de comunicação social do Ministério da Cultura, comandado pela cantora baiana Margareth Menezes.
Em nota, o instituto informou "que analisou previamente e aprovou projeto de reforma simplificada no Casario da Misericórdia, no Centro Histórico de Salvador, bem não tombado individualmente, mas integrante do conjunto protegido". Reforma simplificada é o termo usado pelo órgão para designar obras de conservação e manutenção, ou serviços simples, como pintura de fachada, troca de telha, construção ou reforma do passeio. O instituto disse ainda que "qualquer outra intervenção na edificação, que não tenha sido objeto de aprovação prévia pela autarquia, será apurada e analisada para eventual regularização, adequação ou reparação em caso de dano".
Como a construção do rooftop e as modificações na fachada do imóvel ocupado, em parte, pelo Bradesco não integram o conjunto de intervenções tipificadas como reforma simplificada, o Jornal Metropole indagou o Iphan sobre a existência de algum procedimento em curso para apurar irregularidades nos bens escolhidos para receber a atual edição da mostra tocada por Andrea Velame e inaugurada no último dia 9, mas não houve resposta até o fechamento desta edição. Sabe-se, porém, que o rooftop segue livre, leve, solto e no, futuro muito próximo, será a cereja do bolo do principal projeto da empresária: o Villa Andrea, hotel de luxo com direito à suíte presidencial de 80 metros quadrados.
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