Jornal Metropole
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Investigado por chefiar milícia em Feira de Santana, deputado baiano é preso após dois dias foragido e nega as acusações
Foto: Divulgação/ Ascom Alba
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 9 de outubro de 2025
Digna de um roteiro de novela. É assim a trajetória de Kléber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, o deputado estadual preso na sexta-feira (3) após se entregar ao Ministério Público da Bahia. O enredo envolve votos, prestígio, mas também suspeitas graves de crime organizado.
O empresário foi eleito deputado estadual logo na primeira eleição que disputou em 2022, pelo Patriota. Quase 50 mil votos e influência. Foi assim a ascensão de Binho Galinha na política, que já chegou com o posto de segundo candidato mais votado na região de Feira de Santana e se tornou posteriormente vice-líder do bloco parlamentar MDB/PSB/Patriota/PSC/Avante na Assembleia Legislativa da Bahia.
Passado que condena
Mas nessa mesma região, Binho, que se apresentava como empresário, dono de imóveis e de empresas, entre elas a loja de autopeças Tend Tudo, já tinha também um outro enredo. Antes de entrar para a política, ele havia sido preso em 2011 durante operações que desarticularam quadrilhas de roubos de veículos em Feira de Santana. Mesmo com a prisão, Binho Galinha continuou acumulando influência local na cidade.
Quando a ficha cai
Em dezembro de 2023, investigações conduzidas pelo Ministério Público da Bahia e a Polícia Federal originaram na Operação El Patrón, que apontava Binho Galinha como líder de uma milícia em Feira de Santana. Ele foi acusado de chefiar um grupo envolvido em agiotagem, jogo do bicho, extorsão, receptação e lavagem de dinheiro.
A ação cumpriu 10 mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão, bloqueou mais de R$ 200 milhões em contas, sequestrou 26 imóveis e suspendeu atividades de seis empresas. A esposa e o filho do parlamentar foram presos, mas posteriormente liberados em abril de 2024.
Entre mandados e mandato
No mesmo período, Binho se preparava para disputar as eleições municipais, em dúvida entre ser candidato a prefeito de sua cidade natal, Milagres, ou onde construiu sua carreira política: Feira de Santana. O andamento da investigação, claro, inviabilizou a candidatura.
Últimos capítulos: prisão
Meses depois, em julho, o Superior Tribunal de Justiça anulou alguns atos da operação, sob argumento de uso indevido de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) sem autorização judicial. A defesa de Binho celebrou a decisão, mas o Supremo Tribunal Federal reverteu parcialmente a anulação, mantendo a validade de provas essenciais para a continuidade das investigações. Até que na última quarta-feira (1º), a história ganhou mais um capítulo com o desdobramento da El Patrón. Nela, nove pessoas foram presas, incluindo novamente a esposa e o filho do deputado, enquanto Binho Galinha se tornou oficialmente foragido.
Após dois dias de busca, o deputado entregou-se ao Ministério Público da Bahia, em Feira de Santana, onde foi preso. A defesa de Binho nega todos os crimes e afirma que ele e a família são vítimas de “evidente perseguição”. Diz ainda que a ordem de prisão foi expedida sem qualquer fato novo que a justificasse e marcada por excessos e ilegalidades.
Medidas no plenário
Após a prisão de Binho, a Assembleia Legislativa da Bahia teve 72 horas para decidir sobre a possibilidade de endossar a ação e avaliar medidas como cassação ou suspensão do mandato. A Casa já foi notificada pela Justiça, burocracia que era aguardada para que o tema fosse discutido pelos parlamentares, e deve ainda se reunir para discutir a manutenção da prisão do deputado.
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