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Terça-feira, 19 de março de 2024

Justiça

Operação Faroeste: Falso cônsul gastava milhões com shows e virou cidadão de Salvador

Segundo as conversas, R$ 3 milhões foram investidos em um show que teve como atracão Gusttavo Lima

Operação Faroeste: Falso cônsul gastava milhões com shows e virou cidadão de Salvador

Foto: Divulgação

Por: Alexandre Galvão no dia 19 de novembro de 2019 às 14:54

Apontado como mentor da ação que visava grilar uma área quatro vezes maior que Salvador em Formosa do Rio Preto, na Bahia, o falso cônsul da Guiné-Bissau, Adailton Maturino, levava vida de luxo na Bahia, segundo o Ministério Público Federal (MPF). 

Diálogos telefônicos interceptados com anuência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mostram João Carlos Novaes — um dos advogados de José Valter Dias, usado como laranja no suposto esquema de grilagem — narrando os gastos do suposto cônsul. Em contato com o Metro1, o advogado negou ser laranja de Adailton e afirmou que o falso cônsul estava registrado como um dos dependentes do cartão de crédito.

Segundo as conversas, R$ 3 milhões foram investidos em um show que teve como atração Gusttavo Lima, um dos maiores cachês do país. Além disso, um show foi realizado no Wet'n Wild, com os cantores Bruno e Marrone, com quem ele realizou um vídeo e distribuiu pulseirinhas com a inscrição "camarote do cônsul". 

Ainda de acordo com a investigação, Adailton tinha também influência no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), fato que ficou comprovado após foto na posse do presidente do TJ-BA, Gesilvado Britto. O cônsul aparece na primeira fila. 

Outro motivo de prestígio do suposto representante estrangeiro foi a concessão do título de cidadão soteropolitano da Câmara Municipal de Salvador, com votos contrários da oposição, o título foi concedido a pedido do vereador Luiz Carlos (PRB).

De acordo com o MPF, apesar dele se apresentar como juiz aposentado e mediador, Adailton Maturino tinha apenas uma inscrição de estagiário na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA), que foi cancelada, além de estar associado a 13 CPFs. 

Em seis anos, assevera o relatório de Análise Preliminar de Movimentação Bancária, Maturino movimentou mais de R$ 33 milhões, entre os quais, R$ 14 milhões não apresentam origem/destino. 

Esposa do suposto cônsul, Geciane Maturino também gostava de ostentar o falso título. De acordo com o MPF, ofícios enviados à Embaixada da Guiné-Bissau no Brasil qualificam Adailton como diplomata e cônsul honorário. Já Geciane também aparece como diplomata e Conselheira Especial do Ministro do Comércio, Turismo e Artesanato da Guiné. No entanto, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que o governo brasileiro não autorizou a designação do casal. Desta forma, declara nula as informações fornecidas pela Guiné-Bissau.