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Procurador é afastado após afirmar que escravidão ocorreu porque 'índio não gosta de trabalhar'

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Procurador é afastado após afirmar que escravidão ocorreu porque 'índio não gosta de trabalhar'

Colégio de procuradores também definiu, por unanimidade, instaurar processo administrativo contra ele

Procurador é afastado após afirmar que escravidão ocorreu porque 'índio não gosta de trabalhar'

Foto: Divulgação/ MP-PA

Por: Juliana Almirante no dia 29 de novembro de 2019 às 08:00

O procurador do Ministério Público do Pará (MP-PA) Ricardo Albuquerque, que declarou que a escravidão no Brasil ocorreu porque 'o índio não gosta de trabalhar', foi afastado ontem (28). A informação é da coluna de Mônica Bergamo, da Folha. 

O afastamento foi determinado em sessão extraordinária do colégio de procuradores da entidade. O grupo também definiu, por unanimidade, instaurar processo administrativo contra ele, que é ouvidor-geral do MP-PA. 

Albuquerque vai permanecer fora do cargo até que a investigação aberta pela Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra ele seja concluída.

Em palestra na última terça-feira (26), o procurador havia declarado que "esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar. Até hoje".

"O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. E foi por causa disso que eles [colonizadores portugueses] foram buscar pessoas nas tribos lá na África para vir substituir a mão de obra do índio aqui no Brasil", afirmou ele, em apresentação a alunos de uma universidade que visitavam a sede da procuradoria. 

Em nota divulgada no mesmo dia, o MP-PA repudiou as declarações do procurador, defendeu que não compactua com qualquer ato de preconceito e disse que o teor da fala "reflete tão somente a opinião pessoal" dele. 

Também por meio de comunicado, o procurador alegou que o áudio com suas declarações foi divulgado fora de seu contexto, já que o assunto era o Ministério Público como instituição "e não tinha como escopo a análise de etnias ou nenhum outro movimento dessa natureza".