#MetaAColher: "Nossa sociedade incentiva a violência contra a mulher", diz coordenadora do Nudem

Em meio aos casos constantes de violência de gênero, a Defensoria Pública estadual oferece atendimento especializado pelo Núcleo de Defesa das Mulheres (NUDEM), em Salvador. O atendimento é espontâneo, e basta que as mulheres procurem o atendimento no local, que fica na rua Arquimedes Gonçalves, no Jardim Baiano. 

A coordenadora do NUDEM, Lívia Almeida, explicou como ocorrem os atendimentos e falou sobre a violência contra a mulher em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (9).

"[Nós atendemos] a mulher que está em violência doméstica e familiar. Então se ela sofreu uma violência que não necessariamente é a agressão física, que já tem gravidade maior, mas outros graus de violência, elas já estão inseridas — xingamentos, ameaças, controle, violência patrimonial, violência sexual. A gente atende também outras violências de gênero, como obstétrica", diz. 

De acordo com Lívia, não é necessário ter boletim de ocorrência para procurar atendimento. 

"Quando ela chega, a gente faz o pedido de medida protetiva, e também faz outras ações e encaminhamentos necessários para que essa mulher saia do ciclo de violência. Ação de família, alimentos, guarda, divórcio, dissolução [...]. A gente tem acolhimento psicossocial, mas faz também encaminhamento para a rede ou encaminhamento de benefícios sociais como auxílio moradia, além de encaminhamento para abrigos caso a mulher seja ameaçada de morte", afirma a coordenadora. 

Lívia admite ainda que, mesmo dentro do serviço público, quando vai procurar ajuda, a mulher pode ser violentada. 

"A nossa sociedade naturaliza e incentiva violência contra a mulher, tratando como normais e como aceitáveis determinados comportamentos e situações que são violência —ciúmes, possessividade, controle, sempre julgando os corpos das mulheres e as ações das mulheres", afirma.