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O feminismo peca quando exclui mulheres com deficiência, diz coordenadora de movimento

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O feminismo peca quando exclui mulheres com deficiência, diz coordenadora de movimento

Em entrevista à Rádio Metropole, Cristina Gonçalves apontou falhas no atendimento às mulheres com deficiência vítimas de violência doméstica

O feminismo peca quando exclui mulheres com deficiência, diz coordenadora de movimento

Foto: Reprodução/YouTube Portal Metro1

Por: Metro1 no dia 20 de junho de 2022 às 18:15

A coordenadora do Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas em Salvador, Cristina Gonçalves, criticou a falta de inclusão das mulheres com deficiência nos movimentos e políticas feministas. Em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metropole, a ativista também apontou falhas no atendimento às mulheres com deficiência vítimas de violência doméstica.

"O feminismo peca quando ele não entende as especificidades das mulheres. Nós, mulheres com deficiência, estamos sempre no 'et cetera' dos índices. Nesse sentido, a violência se abate com muito mais força porque ela é velada. É o patriarcado, o machismo, metafórico, que ninguém aceita como machismo, que ninguém vê, ou que muitas pessoas entendem como amor, mas nao é amor: é machismo, é violencia", declara a coordenadora.

De acordo com dados do movimento, o índice de violência contra a mulher com deficiência estava em 43% antes da pandemia da Covid-19 e depois, alcançou 73% no Brasil. Por falta de uma pesquisa oficial, Cristina ressalta que há uma grande subnotificação. "O único dado que temos oficial pelo Ministério da Saúde é o de que as mulheres mais violentadas são as mulheres com deficiência intelectual e as mulheres surdas", diz.

"Hoje a gente tem, dentro da Lei Maria da Penha, um aumento de 25% na pena da violência contra a mulher com deficiência, mas as Deams (Delegacias da Mulher) não têm comunicação acessivel, não existe intérprete de libras para acolher aquela dor da mulher surda e muitas vezes quando mulheres com deficiência visual chegam lá são motivo de chachota porque mulher com deficiência não tem vida sexual, não é mãe, não é filha...", lamenta Cristina.
 
Diante disso, Cristina reforçou a importância de campanhas como a #MetoAColher, promovida pelo Grupo Metropole. "Eu meto a colher com toda a vontade e toda a força. Esse tema tantas vezes está debaixo do tapete porque ninguém quer falar do direito da mulher com deficiência, da mulher LGBT, da mulher preta com deficiência. Em Salvador, o maior número de mulheres com deficiência são pretas, periféricas e que não têm acesso a muita coisa", fala. "Só juntos nós conseguiremos", completa.

Campanha - O Grupo Metropole está engajado em denunciar e cobrar respostas sobre casos de feminicídio e violência contra a mulher. Em vista disso, criamos o movimento #MetaAColher. Abrimos os nossos canais para denúncias, que podem ser feitas pelo número (71) 3505-5000 -- funciona tanto por ligação como por Whatsapp -- e nas redes sociais (@grupo.metropole no Instagram e @metropole no Twitter).