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Na ONU, Bolsonaro defende tratamento precoce, ataca lockdown e fala em "família tradicional"

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Na ONU, Bolsonaro defende tratamento precoce, ataca lockdown e fala em "família tradicional"

Presidente também exaltou medidas econômicas do seu governo e admitiu ser contra passaporte sanitário de vacinação contra a Covid

Na ONU, Bolsonaro defende tratamento precoce, ataca lockdown e fala em "família tradicional"

Foto: Reprodução/YouTube

Por: Alexandre Santos no dia 21 de setembro de 2021 às 11:10

Em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez afirmações distorcidas sobre temas como o meio ambiente, a pandemia de Covid-19 e o cenário econômico brasileiro. O mandatário mentiu ao afirmar que, desde que assumiu o comando do país —em suas palavras, "à beira do socialismo" —cessaram os casos de corrupção. "O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos governo", disse o presidente brasileiro, primeiro chefe de Estado a ter a palavra no evento, como é tradição.

Ao fazer a declaração, o chefe do Executivo desconsiderou as suspeitas de irregularidades que recaem sobre sua família e, principalmente, que miram seu governo, a exemplo das denúncias de omissões investigadas pela CPI da Covid. 

No início de sua fala, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem hoje um presidente que "acredita em Deus", além de defender "a família tradicional". Em seguida, atacou governos do PT, acusando-os de financiar obras de “países comunistas” sem "honrar dívidas".

Sobre as reservas indígenas, afirmou que as comunidades vivem em "liberdade" e defendem o agronegócio como meio de subsistência. “Quatorze por cento do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600 mil indígenas vivem em liberdade e, cada vez mais, desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades."

No pronuciamento, Bolsonaro nada falou a respeito da tese do chamado “marco temporal”, uma proposta ruralista que restringe os direitos indígenas e que está em julgamento no STF.

Ele também citou o Código Florestal brasileiro para insinuar que a Amazônia está sob ampla proteção, o que não é verdade. "Nenhum país do mundo tem uma legislação ambiental tão completa como a nossa."

"O Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais. São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66%, dois terços, são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento em 1.500", acrescentou o presidente, sem mencionar os atuais recordes de desmatamento e queimadas que ameaçam fauna e flora.

Diferentemente do que costuma fazer, o mandatário disse lamentar as milhares de mortes provocadas pelo novo coronavírus em todo o mundo. 
Ao abordar a questão da crise sanitária, Bolsonaro voltou a atacar as medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores, o que, segundo ele, serviu para deteriorar a economia. Para minimizar o problema, afirmou ter implementado ações para geração de empregos formais e o  pagamento de auxílio emergencial voltado a 668 milhões de pessoas. "Defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade", declarou o presidente, transferindo a culpa do atual cenário econômico para os gestores.

Bolsonaro também defendeu o chamado tratamento precoce à base de cloroquina, droga sem comprovação científica contra a Covid-19. "Não entendemos porque muitos países [...] foram contra o tratamento precoce", disse. 

Sem oficialmente ter se vacinado até então, Bolsonaro, por outro lado, admitiu ser contra o passaporte sanitário —exigência de comprovante de imunização para acesso a estabelecimentos e serviços públicos.

Assista, a seguir, trecho do discurso de Bolsonaro na ONU: