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Quarta-feira, 27 de março de 2024

Política

"O Brasil se tornou um país maligno ao mundo", diz Rubens Ricupero

Ex-ministro e embaixador atribui antipatia do mundo em relação ao país por conta das questões ambientais

"O Brasil se tornou um país maligno ao mundo", diz Rubens Ricupero

Foto: Reprodução Radio Metropole

Por: André Uzêda no dia 03 de maio de 2021 às 09:19

Em entrevista a Mário Kertész, na Radio Metropole, o ex-ministro e embaixador Rubens Ricupero disse que o Brasil deixou de ser "um país simpático ao mundo" e se tornou "um país maligno".

Ex-ministro do Meio-Ambiente e da Fazenda no governo de Itamar Franco (1993-1994), Ricupero diz que muito da antipatia do mundo em relação ao Brasil se deve à questões ambientais e no tratamento dado aos povos indígenas. 

"O mês de março deste ano tivemos a pior devastação em dze anos. E março nem é historicamente o pior mês de devastação da Amazônia, porque é um período de chuvas. No entanto, em março, foram destruídos 840 km². Isso indica o que tá acontecendo agora". 

Para o embaixador, a aversão em relação ao Brasil tem implicações reais durante a pandemia. Segundo ele, enquanto o mundo se preocupa em socorrer a Índia durante o aumento de casos de covid-19, nosso país passou a ser ignorado.

"Essa política de fazer inimigos, que o Brasil adotou, teria consequência. É a primeira vez na história que a gente passa por isso", afirma. Ricupero disse, no entanto, que interpreta uma mudança de política no Planalto com as trocas nos Ministérios da Saúde (de Eduardo Pazuello por Marcelo Queiroga) e Ministério das Relações Exteriores (saída de Ernesto Araújo e entrada de Carlos França). 

"São mudanças que mudam o discurso, mas não a essência do governo. A essência continua a mesma. A eleição americana fez Bolsonaro mudar muitas posições. O discurso dele hoje não é mais aquele discurso duro de oito meses atrás em relação a pandemia. Ele fala até da chegada da vacinas agora. E, de vez em quando, até usa máscara. Mas só de vez em quando", ironiza.

Ricupero fez ainda duras críticas ao ministro do Meio-Ambiente Ricardo Salles e o que acredita ser uma política de favorecimento ao agronegócio, no estímulo da devastação da floresta Amazônica. 

"Os agrotrogloditas põe fogo na floresta para depois reivindicar a pose de terras. É a grilagem. A especulação imobiliária. Eles dizem que quem põe fogo na floresta é o pequeno agricultor. Mas isso corresponde a menos de 7% da destruição, porque desmatar um hectare custa muito dinheiro. Mais de dois mil dólares. E quem banca isso é quem tem dinheiro", afirma.