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Em carta, Léo Pinheiro faz mea-culpa por acusações contra Lula em delação

Política

Em carta, Léo Pinheiro faz mea-culpa por acusações contra Lula em delação

Manuscrito de empreiteiro da OAS foi um dos elementos que fizeram a Justiça arquivar investigação que acusava o petista de corrupção e tráfico de influência internacional

Em carta, Léo Pinheiro faz mea-culpa por acusações contra Lula em delação

Foto: Ricardo Stuckert

Por: Metro1 no dia 14 de setembro de 2021 às 13:18

O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, escreveu uma carta de próprio punho na qual voltou atrás em acusações que fez contra o ex-presidente Lula na sua delação premiada firmada com a Lava Jato. A informação é da colunista Bela Megale, do jornal O Globo.

Segundo a publicação, a carta do empreiteiro foi um dos elementos que fizeram a investigação que acusava o petista de corrupção e tráfico de influência internacional ser arquivada, como revelou a coluna.

Na carta escrita em maio e anexada ao processo em junho, Pinheiro disse que nunca autorizou ou teve conhecimento de pagamentos de propina às autoridades citadas no caso. Também disse que não houve menção sobre vantagens indevidas durante o encontro ocorrido na Costa Rica. Esse documento foi uma das bases da defesa de Lula, liderada pelo advogado Cristiano Zanin, para solicitar à Justiça de São Paulo o arquivamento da investigação.

Na carta escrita de próprio punho, Pinheiro afirmou também que não sabe informar “se houve intercessão do Ex. Presidente Lula junto à Presidente (ex) Dilma e/ou Ex. Ministro Paulo Bernardo”. “A empresa OAS não obteve nenhuma vantagem, pois inclusive não foi beneficiada por empréstimos do BCIE – Banco Centro Americano de Integração Econômica. Não sabendo informar se houve efetividade da solicitação do Presidente do BCIE, senhor Nick Rischbieth junto ao senhor Ex. Presidente Lula e demais autoridades citadas”, concluiu Pinheiro.

No seu acordo de delação premiada com a Lava-Jato, Pinheiro contou uma história diferente. O ex-presidente da OAS disse que, durante uma viagem à Costa Rica, pediu a Lula que realizasse uma audiência com Nick Rischbieth, presidente do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE). O objetivo da reunião, segundo Pinheiro, era aumentar a participação do Brasil na estrutura societária da instituição financeira, “bem como credenciar a OAS a realizar parceria com tal Banco”. O empreiteiro disse que o encontro ocorreu na suíte onde Lula estava hospedado e que contou com a presença dele de outro executivo da OAS, o diretor Augusto Uzeda. Em depoimento às autoridades, Uzeda negou a realização dessa reunião.

Segundo pessoas ligadas a Pinheiro, o ex-presidente da OAS pretende fazer outras cartas voltando atrás em trechos de seu acordo envolvendo Lula. Foi com base na delação premiada do empreiteiro que o ex-presidente foi condenado no caso do triplex, hoje anulado pela Justiça.

Em nota, a defesa de Léo Pinheiro afirmou que o ex-presidente da OAS "não se retratou do seu anexo e muito menos redigiu carta nesse sentido".

A advogada do empreiteiro, Maria Francisca Accioly, afirmou que a carta redigida por ele "é um depoimento pessoal e sigiloso que algumas autoridades solicitam ao invés de colher o depoimento presencial. São respostas a quesitos específicos e direcionados". A defesa de Pinheiro diz que a nota “descontextualizou as afirmações de Léo Pinheiro" e que, no final do documento, o delator "ratifica seu anexo através da indicação dos documentos inseridos na sua colaboração".