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O que está em jogo na briga pela vice de Bruno Reis

Partindo-se da hipótese de que o prefeito será reeleito, uma pergunta brotará nas mentes de analistas políticos e aliados: Bruno Reis renunciará ao cargo em 2026?

O que está em jogo na briga pela vice de Bruno Reis

Foto: Divulgação/Secom/PMS

Por: Mariana Bamberg e Rodrigo Daniel Silva no dia 18 de julho de 2023 às 20:44

Atualizado: no dia 18 de julho de 2023 às 21:25

Ocupar, por ao menos um dia, o cargo de titular é o sonho de todo vice (prefeito, governador ou presidente). Isso não é novidade para ninguém. Mas é por esse motivo que, nos próximos meses, vai se acirrar a briga na base do prefeito Bruno Reis (União) pelo posto de candidato a vice na sua provável tentativa de reeleição em 2024.

Bruno Reis é favorito para ser reconduzido ao Palácio Thomé de Souza por, pelo menos, três razões. As primeiras delas são o histórico e o fato de ter a máquina nas mãos. Na eleição de 2020, 63% dos gestores municipais que tentaram mais um novo mandato consecutivo foram reeleitos no primeiro turno. Em Salvador especificamente, a história também aponta para esse favoritismo. Desde o pleito de 2000, quando passou a ser permitida a reeleição no país, todos os prefeitos soteropolitanos foram reeleitos: Antônio Imbassahy, ACM Neto e João Henrique. Os dois primeiros conquistaram o segundo mandato ainda no primeiro turno. 

A terceira razão é a gestão bem avaliada de Bruno Reis. Embora não tenha conseguido criar uma marca própria, como admitem os próprios aliados, ele soube dar continuidade ao projeto iniciado por ACM Neto em 2013 e conseguiu, até aqui, ter uma administração aprovada pela maioria dos eleitores, segundo as pesquisas de opinião recentes. 

Mas, afinal, por que haverá disputa entre os correligionários para estar na chapa de Bruno Reis em 2024? Partindo-se da hipótese de que o prefeito será reeleito, uma pergunta brotará nas mentes de analistas políticos, aliados e adversários: o prefeito soteropolitano será pressionado e terá coragem de renunciar ao cargo para estar na majoritária de seu grupo nas eleições gerais de 2026? É claro que, até então, o candidato natural para encabeçar a chapa do grupo é ACM Neto (União). Mas, caso isso não aconteça, Bruno Reis é um possível substituto ou um nome que pode compor o quadro como postulante ao Senado Federal, por exemplo. 

Se formos levar em consideração, mais uma vez, a história, os três últimos administradores da capital baiana reeleitos decidiram concluir o mandato, entre eles, o próprio ACM Neto. Apesar da pressão, Neto decidiu se manter no posto já que não tinha certeza de que ganharia o governo em 2018 e preferiu evitar um desgaste político.

Bruno Reis ainda não se manifestou se pretende finalizar um eventual segundo mandato, se for reeleito. Mas é de olho neste possível destronamento que os aliados dele querem ser o vice para, daqui a três anos, sentar na cadeira principal do Palácio Thomé de Souza. Mesmo que Bruno Reis não deixe o posto em 2026, ele não poderá ser candidato a um terceiro mandato e terá que escolher um nome para a sua sucessão. E o seu vice escolhido em 2024 será visto, por muitos, como o nome natural para sucedê-lo. Assim como aconteceu com o próprio Bruno, que foi vice no segundo mandato de ACM Neto.

Nomes cotados

Nesta disputa, os partidos da base já têm se movimentado e pelo menos sete nomes são cotados. O mais forte até agora e também o mais óbvio: Ana Paula Matos (PDT), atual vice-prefeita e secretária da Saúde. Ela tem feito sinais de que não abrirá mão do cargo. Em entrevista à BandNews no mês de maio, chegou a dizer que, por seu histórico, tem direito ao posto e “ninguém vai empurrá-la da cadeira”. Uma eventual troca de Ana Paula Matos por um homem na composição esbarraria em comparações com ACM Neto, que foi alvo de críticas após preterir Célia Sacramento (uma mulher negra que lhe acompanhou como vice no primeiro mandato) a Bruno Reis no pleito de 2016.

O deputado federal Leo Prates (PDT), que chegou a lançar seu nome na disputa pela prefeitura em 2020, também está na briga pela cadeira atualmente ocupada por Ana Paula. Apesar de tentar evitar falar publicamente sobre o cargo de vice, ele não esconde que já está de olho na sucessão de Bruno Reis. Até afirmou, em entrevista ao Metropod, que o sucessor natural do prefeito de Salvador em 2028 é ele e não Ana Paula Matos.

Mas não é só o PDT que está na disputa. O PSDB também tem se mobilizado e feito pressão para emplacar o vice na majoritária. O presidente do partido em Salvador, Carlos Muniz, confirma abertamente que os tucanos devem apresentar um nome, que pode ser o deputado Tiago Corria ou a vereadora Cris Correia. Por enquanto, o mais cotado entre eles é Tiago, que inclusive é casado com Ana Coelho (Republicanos), candidata a vice na chapa de ACM Neto no ano passado. 

Mas tudo aquilo que contribuiu para a escolha de Ana Coelho em 2022 (a pressão do partido, o tempo de televisão, a verba e a penetração entre o público evangélico) pode contar a favor do Republicanos nesta disputa.  O presidente estadual da sigla, deputado Márcio Marinho, tem se mobilizado, assim como Muniz, para tentar garantir o vice. O nome mais forte do Republicanos, até então, é o do vereador Luiz Carlos, mas seus colegas de Casa Ireuda Silva e Alberto Braga também tiveram os nomes ventilados. Há ainda a possibilidade do PL, se passar a integrar o grupo do prefeito, pleitear o espaço na majoritária, mas, por enquanto, o nome com mais força para isso seria o de João Roma.