
Política
Bolsonaro incentivou ódio contra indígenas e o conflito entre os povos nativos, diz cacique Raoni
Raoni Metuktire convocou 54 lideranças de diferentes etnias do país para um encontro, com o objetivo de assinar uma carta condenando o marco temporal e cobrando mais respeito aos povos

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Líder indígena da etnia caiapó e um dos nomes mais respeitado internacionalmente na luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas, o cacique Raoni Metuktire declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o responsável por incentivar a violência contra os povos indígenas. Em entrevista ao jornal O Globo, a liderança indígena ainda acusou o ex-mandatário de tentar promover desavenças e conflitos entre os povos nativos.
“Quando ele (Bolsonaro) entrou no poder, incentivava as pessoas para destruir os povos indígenas e o meio ambiente. Esse discurso dele era só incentivar o ódio nas pessoas. E foi isso que ele fez durante o tempo dele. Daí eu me perguntei: um presidente no poder é uma liderança que faz isso?”, afirmou.
Raoni revelou ainda que precisou atuar para que não houvesse conflito entre os povos indígenas, como, segundo ele, era incitado pelo então presidente. “Pelo menos eu, tentei evitar isso. Para que não haja mais guerra entre os povos e que eles estejam ali para defender o que é seu, defender a família. Eu evitei essa guerra entre indígenas, porque o discurso do Bolsonaro era esse todo o tempo”, disse.
Segundo o cacique, a política indigenista começou a sofrer mudanças negativas ainda no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). “E isso se sucedeu para Bolsonaro, que reforçou o discurso dele, que incentivou as pessoas a matar indígena. Se alguém atrapalhar, mata ele. Assim era o Bolsonaro e ele pedia para as pessoas derrubarem as árvores para poder plantar soja, tirar madeira, garimpar... então foi ele que incentivou essas pessoas a terem ódio nos povos indígenas”, afirmou Raoni.
Raoni convocou 54 lideranças de diferentes etnias do país para um encontro de quatro dias na aldeia Piaraçu, localizada na Terra Indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso. O objetivo da reunião era assinar uma carta condenando o marco temporal e cobrando mais respeito aos povos. Os efeitos das mudanças climáticas provocadas pela ação do homem também fazem parte da pauta.
O presidente Lula era esperado no encontro, mas, por conta do procedimento que realizou no quadril, não compareceu. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, e o líder yanomami Davi Kopenawa estiveram presentes.
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