Em gravação, Sarney fala em ajudar Sérgio Machado "sem meter advogado"

O ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) prometeu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, investigado pela Operação Lava Jato, que poderia ajudá-lo e evitar que seu caso fosse transferido para a vara do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba (PR).. No entanto, o parlamentar pediu que o acordo seria feito "sem meter advogado no meio".

As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, que revelou conversas gravadas pelo próprio Machado, que fechou na terça-feira (24) acordo de delação premiada com o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos diálogos, gravados em março, Sarney se mostrou preocupado com uma eventual delação de Machado.

"Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada", disse o ex-senador. Machado respondeu que havia insinuações, provavelmente da Procuradoria-Geral da República (PGR), por uma delação. Sarney explicou a estratégia. "Mas nós temos é que conseguir isso [o pleito de Machado]. Sem meter advogado no meio", afirmou o peemedebista.

Ainda segundo a reportagem, Machado concordou de forma imediata que advogado "não pode participar disso", "de jeito nenhum" e que "advogado é perigoso". Na gravação obtida pela Folha, Sarney repete três vezes o termo "sem meter advogado". Os áudios de Machado também envolvem conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Sérgio Machado disse que não poderia passar por uma iniciativa apenas jurídica, teria que ser política. Ao final de uma das conversas, Machado pediu que Sarney entrasse em contato com ele assim que estabelecesse um horário e local para reunião entre eles e Renan. "E o Romero também está aguardando, se o senhor achar conveniente", acrescentou Machado. Sarney respondeu que não achava conveniente. 

Nas conversas gravadas por Machado, o ex-senador Sarney deixou claro que era favorável à iniciativa de impedir que o caso do ex-presidente da Transpetro fosse enviado para a vara de Moro em Curitiba. "O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá [Curitiba]", disse o ex-presidente.