
Política
"Foram 500 ônibus em 14 dias", lembra Haroldo Lima sobre quebra-quebra em 1981
Por conta do alto preço das passagens de transporte coletivo em Salvador, o ano de 1981 ficou marcado por um episódio conhecido como o quebra-quebra dos ônibus, quando Mário Kértesz era prefeito da cidade. [Leia mais...]

Foto: Milene Rios / Metropress
Por conta do alto preço das passagens de transporte coletivo em Salvador, o ano de 1981 ficou marcado por um episódio conhecido como o quebra-quebra dos ônibus, quando Mário Kértesz era prefeito da cidade. Em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã desta terça-feira (12), o dirigente nacional do PCdoB e ex-deputado federal Haroldo Lima lembrou e explicou o caso. De acordo com Lima, que hoje coordena a pré-campanha da deputada Alice Portugal para prefeita da capital baiana, naquela época, foram 500 ônibus quebrados em 14 dias.
"A crise era forte, o desemprego, o PCdoB muito enfronhado no movimento social, entramos no movimento contra a carestia. Encontramos aqui uma menina muito desenvolta, a Jane Vasconcelos, hoje é médica. Nossos métodos de trabalho eram nos sindicatos, fazendo abaixo assinado para o prefeito Mário Kértesz diminuir o preço das passagens. Teria um aumento de 60% e aí focamos nisso. As coisas convergiram e a gente criou um clima de animosidade na população, eu que liderei o processo. O movimento contra a carestia tomava a cidade, aí começa a luta contra a caristia e converge na luta contra o aumento da tarifa".
Haroldo Lima contou também que havia uma certa "dificuldade" para encontrar o gestor da cidade e então entregar o abaixo assinado contra o aumento. "O prefeito era hábil. Mário Kértesz voltou de Brasília, o certo é que o diesel não teve preço reduzido e continuamos na luta. Nós marcamos uma passeata do Campo Grande até a Praça Municipal. Saímos às 15h e não estávamos animados. Aí foi chegando gente, caiu uma chuva e o povo seguiu. Quando chegamos não encontramos o prefeito. Fomos recebidos pelo chefe da Casa Civil, mas ele recebeu de forma descortês".
Para o ex-deputado, isso foi motivo para o grupo sair da prefeitura "irritados" e então iniciar um discurso do lado de fora. "Subimos em um caminhão que tinha. O clima geral foi de exaltação. Quando terminou o ato, nós vimos os primeiros ônibus serem quebrados. Eu mandei Jane ir embora e a coisa se alastrou. No dia seguinte, estava em casa com um padre e bateram na porta. Era a polícia e me prendeu. O ACM estava em Brasília. Ficamos presos, o quebra-quebra o povo vibrou. Depois disso, no ano seguinte, me elegi deputado federal com 30 mil votos. No ano seguinte MK rompeu com ACM e foi uma das principais lideranças da esquerda na Bahia. Elegemos Lídice, Jane, e MK passou a ser uma figura importante na Bahia toda".
Haroldo Lima e MK na campanha para prefeito, em 1985 (clique para ampliar)
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