
Política
Com restrições em meios tradicionais, internet vira campo de batalha eleitoral
Foi-se o tempo que as campanhas eleitorais eram feitas com santinhos, muros pintados e carros de som. As restrições sobre alguns tipos de propaganda e o crescimento das redes sociais mostraram aos candidatos um novo segmento a explorar [Leia mais...]

Foto: Ilustração/Sidney Falcão
Foi-se o tempo que as campanhas eleitorais eram feitas com santinhos, muros pintados e carros de som. As restrições sobre alguns tipos de propaganda e o crescimento das redes sociais mostraram aos candidatos um novo segmento a explorar. E não é para menos: na disputa pelo governo da Bahia, há dois anos, uma pesquisa do Datafolha constatou que 75% dos eleitores se informam sobre política pelas redes sociais. E o mais importante: o levantamento mostrou que Facebook, WhatsApp e Instagram influenciaram o voto de 39% deles.
De olho nesse segmento, as bases de apoio aos candidatos à Prefeitura de Salvador já fazem da internet um grande campo de batalha. Polarizado por Alice Portugal e ACM Neto, o ringue virtual soteropolitano tem de tudo: piada com a cara do adversário, crítica de projeto alheio, desclassificação de feitos e muitas, muitas indiretas.
Restrição “meia boca”
Aprovada em 2015, a reforma eleitoral mudou os limites de doações para campanhas e limitou o espaço considerado principal para a divulgação dos políticos: a televisão. Em 2016, os candidatos passaram a ter apenas 45 dias de campanha, o que reafirmou a transição do papel da internet de mero “complemento” para campo central do processo.
Chefe da 20ª Zona do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, Silvana Matos diz que, apesar das restrições impostas a candidatos, a produção de conteúdo por parte de correligionários e apoiadores é “livre”. “Pode fazer na sua página campanha em prol do seu candidato, mas só a pessoa física”, explica.
ACM Neto tem páginas a favor que dividem opiniões com piadas “pesadas”
Não são poucas as páginas destinadas à reeleição do prefeito ACM Neto — apesar de o próprio só ter uma, bem mais contida, em seu nome. Com o marketing digital muito bem construído ao longo da sua gestão, Neto tem a seu favor páginas como “Netinho Barril Dobrado” e ACM Detona – em alusão a Antônio Carlos Magalhães. São nelas que as chacotas com Alice Portugal acontecem, muitas com reprovação dos eleitores, como a que a candidata é colocada como a ogra Fiona, do filme Shrek.
Base de Alice aposta na onda contrária a Temer
Sem poder contar com os quatro anos de interações de Neto nas redes sociais, Alice tenta reverter o quadro. Por sua página oficial, a equipe de marketing da candidata embarca nas publicações contrárias ao presidente em exercício Michel Temer. Outro artifício usado na campanha da deputada são os pontos fracos da gestão de Neto. “Salvador é a capital nacional do desemprego. Você sabia?’, diz uma arte postada na página oficial de Alice Portugal no Facebook. Embora ainda em menor número, simpatizantes da candidata também começam a atacar o seu adversário.
Whatsapp é desafio
Para o doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Ufba Camilo Aggio, há um desafio especial para políticos este ano. “Diferente de 2014, há uma utilização muito mais pervasiva do WhatsApp, que em campanhas pode atingir grupos sociais e indivíduos de uma forma bastante particular”, explica. Por ser uma plataforma muito ampla, Aggio destaca a potencialidade do aplicativo em espalhar e desmentir boatos.
TRE: proibido ridicularizar
Segundo o TRE, passam a ser proibidas propagandas pagas na internet. No caso das páginas “de humor”, a representante do Tribunal explica que também existem restrições. “Tem fiscalização. Segundo a legislação eleitoral, a propaganda não pode ridicularizar o candidato nem trazer elementos que confundam o eleitor. O candidato que se sentir ofendido tem direito de pedir direito de resposta e a suspensão da propaganda eleitoral’, explica Silvana Matos.
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