Dilma e o guarda-roupa que fala; leia artigo de Norma Rangel

A Operação Lava-jato e outras demandas do tipo tem hora que saturam porque é de impressionar a cara pseudo-tensa dos acusados de desviar bilhões dos cofres públicos. Não é com eles. E não foram eles. Alguém levou usando o nome, o CPF, a conta bancária, o CNPJ da empresa deles; mas não foram eles, nem eles autorizaram, muito menos sabiam. Ninguém sabia. Nem eu, nem você. Mas roubavam, continuaram roubando e, quiçá, um plano deve estar em prática para a roda não parar nos cofres corrompidos desta estatal resistente.  

Um amigo alemão querido me diz: "Eu não acredita nessa coisa. Não é real isso!" Sim, é real. Aliás, bilhões de reais! E os advogados jamais podem falar sobre seus clientes, "porque não tiveram acesso aos autos, ainda"... Agora sente e espere para ver se eles, após conhecerem os autos, vão falar alguma coisa...

Me entedia. Nem dá vontade de falar nada sobre essa bagaça nacional. E me perguntam "por que ainda escuta?" Digo que é porque acredito que alguma coisa realmente nova pode aparecer. E apareceu! 

Ontem, 28/9, em Nova Iorque. A presidente do Brasil, um pais com índice de corrupção incomensurável, que assombra o mundo e nos coloca como propensos caloteiros, gente sem confiança, disse que o modelo que ajudou a economia brasileira a crescer nos últimos anos se esgotou. Como assim esgotou? Que raio de modelo é esse que não tem contrapartida, para se nutrir e reproduzir? Esta é a nova!

E por que o Brasil tem tantas empreiteiras, tantas consultorias, em lugar de fábricas?  Como se contrata tantas consultorias milionárias e o governo continua errando? 

E mais, disse a presidente: que problemas internos contribuíram para as dificuldades atuais do país. Agora, é preciso saber quais são os problemas internos. E o que nós fizemos para contribuir nessa piora sem precedentes. E essa bancarrota se materializou apenas um dia após a posse da presidente, porque até a véspera estava tudo "bem". Não foi?

É o que dá terceirizar mandato. Só que as terceirizadas quando falham, pecam, descumprem, falsificam, roubam, enganam... O contratante tem que assumir, como "o dono do negócio". Ou não? Parafraseando, então, o governo não tem dono ? É um desgoverno? 

E quando a pauta no congresso é custosa, a votação é sempre em horário atípico. Ulisses Guimarães dizia que para manobrar votação difícil, era melhor escolher um horário em que os velhos estivessem com fome e os novos querendo namorar. Até hoje funciona!

Já deu por hoje, e para mim a grande preocupação agora é o guarda-roupa de Dilma. Definitivamente ela largou o vermelho. E isso me parece bem significativo.  Alguma nova rede no horizonte?