Política
Política
Jornalista da Folha diz que eleitor está diante de ‘plebiscito sobre a política tradicional’
“Eleição questionou muitos dos princípios que nós acreditávamos ser imutáveis: tempo de TV e a própria importância dos publicitários”, avalia Fábio Zanini
Foto: Germano Assad / Ciji
O jornalista da Folha de S. Paulo, Fábio Zanini, disse, em entrevista à Rádio Metrópole, que o eleitor brasileiro vai ter no próximo domingo (7) um “plebiscito sobre a política tradicional”.
“Não só pelo PT, bastante sobre o PT, mas não só apenas. É sobre a forma de tradicional de fazer política. É uma eleição que questionou muito dos princípios que nós acreditávamos ser importantes, imutáveis: tempo de TV, a própria importância dos publicitários, dos marqueteiros. Sai muito chamuscado o perfil desses profissionais, porque Bolsonaro não tem marqueteiro que vem com discurso da moralidade, renovação. Ela é uma eleição muito baseada no carisma e personalidade do Bolsonaro. Acho que essa eleição vai deixar pelo caminho várias coisas que a gente acreditava na política, que vai ter que ser repensada”, avaliou.
Para ele, há a possibilidade de a eleição ser definida no primeiro turno. “Não acho que seja mais provável, mas é crescente. Bolsonaro está crescendo dois pontos por dia, mais ou menos. Ontem, no Datafolha, foram 39% dos votos válidos e faltam, portanto, 11 pontos para ele levar no primeiro turno. Não é fácil, mas lembro que em 2016, em São Paulo, João Doria, na sexta, estava com 38% e liquidou a fatura no dia da votação. Se Bolsonaro tiver crescido mais uns três ou quatro pontos, é capaz que, no último empurrãozinho, ele leve no primeiro turno”, ressaltou. “Embora Lula e Bolsonaro representem os extremos da política, são dois lideres carismáticos e falam diretamente com a população. Tem uma fatia do eleitorado que não tem problema em transitar entre Lula e Bolsonaro. A saída tardia de Lula, talvez, teve um efeito contrário do que ele imaginava”, pontuou.
O jornalista entende que o movimento do #Elenão contra Bolsonaro teve um efeito contrário, porque ficou um viés de confronto partidário. “[Ficou] entendido como um movimento da esquerda. Um movimento partidarizado, não da sociedade civil”, analisou.
Zanini disse ainda ver semelhanças entre o capitão reformado e o presidente americano Donald Trump. “Há pontos de contato, acredito que não totalmente. Há diferenças. Trump tinha um partido bem tradicional em torno dele, Bolsonaro não tem. Mas é parecido no sentido de dar voz aos que não aparecem na imprensa, não têm mídia, não são intelectualizados”, salientou.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.