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Economista explica impacto do coronavírus e crise do petróleo na economia mundial

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Economista explica impacto do coronavírus e crise do petróleo na economia mundial

De acordo com especialista, 'choque de demandas' causou princípio de colapso no mercado financeiro

Economista explica impacto do coronavírus e crise do petróleo na economia mundial

Foto: Divulgação/VersoAssessoria

Por: Matheus Simoni no dia 10 de março de 2020 às 09:30

O economista e professor do instituto Insper Roberto Dumas comentou os reflexos da crise mundial, que teve um dos seus episódios mais graves ontem (9), em todo o mundo. A queda do preço do barril de petróleo, ocasionado por atritos entre Arábia Saudita e Rússia, e o aumento de casos de coronavírus no mundo chegaram a fazer com que a bolsa brasileira interrompesse suas negociações no pregão da segunda-feira. Em entrevista à Rádio Metrópole hoje (10), ele comentou que, ainda que a explicação seja individual, o impacto é conjunto.

"O que a gente chama no 'economês' é o choque de demandas. E isso caiu muito. O que o Brasil produz é petróleo, minério de ferro, soja. Tudo isso que a China consome caiu de preço. A China vai crescer 4,5%, que é um número espetacular. Mas tem que ser refeita a projeção, que era de 6%. O mercado refaz isso para um crescimento da China", comentou, durante entrevista ao Jornal da Bahia no Ar.

"Posto que irei vender menos, vão entrar menos dólares no Brasil. Posto que o mundo está numa crise, os investidores vão fugir para um lugar seguro, que é onde há dólar. No Brasil, vai entrar menos dólares e os que estão aqui, para fugir de uma crise global, vão para os EUA. Isso só pode deixar o câmbio bater R$ 4,80. Vai entrar menos e sair mais e isso bate em nossa paridade cambial nossa", explica. 

Na avaliação do professor, o índice de exportações do país pode até favorecer o cenário econômico do país, mas sem uma magnitude tão grande e com potencial de fazer o Produto Interno Bruto (PIB) alavancar. "Podemos esquecer que esse ano a exportação vai ajudar nosso crescimento econômico. Alguns setores vão ajudar, mas não vai ser isso que vai tirar a gente da crise. Somado o problema do petróleo com rusgas entre Arábia Saudita e Rússia, no choque de demandas, houve uma reunião da OPEP, comandada pelos árabes, com a Rússia, propôs uma redução na produção para fazer o preço subir. A Rússia quis o contrário, quis especular para aumentar a produção e quebrar todas as empresas de petróleo nos EUA. Por isso o preço caiu 15 a 25%", declarou Dumas. 

Ainda segundo o economista, mesmo com um panorama de crise, os Estados Unidos ainda conseguem garantir potencial de atração em momentos desfavoráveis na economia mundial. Diante da falta de crescimento das finanças brasileiras, os investidores se sentem menos atraídos a depositar confiança no país.

"A geopolítica está mudando. Aí se vê a Ásia inteira com problema, vai se espalhar na Europa e estávamos no meio de uma crise global. Ontem fomos atacados economicamente com uma abrupta queda do preço do petróleo, que, aparentemente, deveria ser bom para nós consumidores. Não é que não seja, mas o consumidor faz parte de uma coisa chamada país. O país vai apanhar, a tendência é entrar menos dólares e que os EUA cresçam menos. Se os EUA não está tão bom, para onde se foge? Ainda que não esteja bom, todos fogem para lá", declarou.

Roberto Dumas ainda comentou o crescimento do PIB brasileiro, avaliado em 1,1%. Segundo o economista, parte da ideia do governo brasileiro de atacar a taxa de juros possui mais risco do que certezas em relação a uma possível melhoria. "O que o Brasil pode fazer para o PIB crescer mais? Se o BC cortar juros para tentar aumentar o consumo, isso vai levar mais ainda a uma pulverização. Todo mundo entra aqui, desde que pague algum retorno. O Brasil é atrativo? É, mas agora no meio de uma crise ele deixa de ser. Quando se paga menos ainda, entrando menos dólar, aí que o câmbio deprecia e vai a 4,80 ou 4,90", comentou.