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Quarta-feira, 27 de março de 2024

Política

Potencial de crescimento da imagem de Bolsonaro é pequeno, diz presidente do Vox Populi

Para Marcos Coimbra, implementação do auxílio emergencial ajudou na aprovação do governo

Potencial de crescimento da imagem de Bolsonaro é pequeno, diz presidente do Vox Populi

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 25 de setembro de 2020 às 10:34


Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra avaliou os números divulgados pelo Instituto Ibope nesta semana sobre a avaliação do governo de Jair Bolsonaro. Este é o maior percentual desde o início de seu mandato. Em dezembro do ano passado, esse índice estava em 29%. Na pesquisa, a aprovação (ótimo/bom) do governo Bolsonaro (sem partido) subiu para 40%. Para Coimbra, o fato da pesquisa ser presencial é um fator positivo.

"É a primeira pesquisa desde o início do ano feita com entrevista presencial e não mais por telefone ou internet. Essas outras maneiras de fazer pesquisa, chamada remota, foi necessário adotar, mas tem uma série de limitações. É a primeira pesquisa presencial de âmbito nacional que é divulgada este ano e é bom saudar isso. Mas é preciso lembrar que continuamos a ser um país com muito pouca informação de pesquisa e dependente de decisões de entidades empresariais e bancos. Isso não é bom", afirmou, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (25). 

Na avaliação do presidente do Vox Populi, o auxílio emergencial foi um fator determinante para a alavancada da popularidade de Bolsonaro. "Estamos medindo o efeito da opinião pública na popularidade e na aceitação do Bolsonaro nesse maciço investimento. Serão, no final do ano, oito meses de auxílio emergencial, numa escala sem precedentes na história político-administrativa brasileira. Não estou dizendo que estava errado não, precisava fazer algo para a população resistir um pouco melhor à pandemia que atingiu o país. Mas foi dinheiro a rodo que foi gasto nesse programa não propriamente por uma decisão original do governo. O governo pretendia dar um auxílio de R$ 200 durante três meses. Vai chegar no final do ano com oito meses e, na média, com algo em torno de R$ 500, já que de outubro em diante serão R$ 300", declarou Coimbra.

 Ele comparou o auxílio com o Bolsa Família, lançado no governo petista. Bolsonaro sempre criticou o benefício, mas passou a adotar uma postura discreta quanto ao programa de transferência de renda. "O Bolsa Família do PT, iniciado no governo Lula, custa R$ 30 bilhões por ano. Estamos chegando no final deste ano a quase R$ 400 bilhões, equivale a quase 15 anos de Bolsa Família, durante os oito meses deste ano onde esses programas de distribuição de renda que foram criados. É uma conta muito elevada", disse o sociólogo. 

Ainda segundo Coimbra, o potencial de Bolsonaro é considerado por ele como baixo por conta da imagem dele. "Sinal de que a imagem original de Bolsonaro é tão ruim que precisou de R$ 400 bilhões para ela melhorar dez pontos. Nessa mesma época, com pouco mais de um ano e meio do primeiro governo da Dilma, ela tinha 65% de ótimo ou bom. Estamos comparando 40% de Bolsonaro, gastando essa montanha de dinheiro, com 65% da Dilma administrando normalmente o país e sem precisar ir ao Tesouro para mandar rodar a máquina", disse o presidente do Vox Populi. 

"Ele conseguiu crescer dez pontos e, para mim, isso é um sintoma de como o potencial de crescimento da imagem dele é pequeno. Quer dizer que já chegou no teto? Não. Se ele continuar colocando o que está sendo gasto até agora por mês e conseguir fazer um bom governo, é claro que ele vai ser um bom candidato. Só que ele não tem dinheiro, não existe dinheiro para manter isso pelos próximos dois anos até a próxima eleição", acrescentou.