“Demitiram o maior jornalista do país porque precisam de cliques", diz Bob Fernandes sobre Jânio de Freitas

O jornalista Bob Fernandes concedeu entrevista nesta quarta-feira (4), na Rádio Metrópole. Em conversa com Mário Kertész, o jornalista falou sobre a situação atual da imprensa brasileira. Para Bob, os veículos de imprensa brasileiros enfrentam uma crise completa principalmente por precisarem competir com grandes empresas como Google, Grupo Meta, e Netflix. “Demitem o maior jornalista do país porque precisam de cliques”, disse ao dar como exemplo a demissão do jornalista Jânio de Freitas, desligado do jornal Folha de São Paulo. 

Para o jornalista, a concorrência com as chamadas big techs - em referência aos grandes conglomerados de tecnologia - é o que vem gerando demissões e até fechamento de veículos tidos como tradicionais em todo o país. “Não é só uma crise da mídia impressa. A mídia brasileira toda não tem como concorrer com as chamadas big techs, se você não tem como concorrer vem as consequências disso. Dessa doença de você ter que esquentar  tudo no título para poder vender a notícia. Isso é um desastre”, avaliou.

Bob ainda defendeu uma renovação nas leis que regulamentam o funcionamento das empresas de comunicação no Brasil. Para ele, os jornalistas deveriam ser os primeiros interessados em estabelecer esses novos parâmetros. “Se o mundo não regular essa farra do vale tudo, nós continuaremos vivendo o que estamos vivendo. O mundo da comunicação está praticamente morto, na verdade já morreu e a gente ainda não foi comunicado. Ou fazemos uma modernização ou estaremos mal”, disse.

Questionado sobre como todo esse contexto interfere no trabalho diário dos jornalistas, Bob defendeu a existência de visões plurais nas redações. “A neutralidade de valores é uma impossibilidade humana. O que existe é uma pluralidade de visões que levam as pessoas a entender o que está acontecendo Imparcialidade deve existir diante do fato, o resto é a visão de cada um”, afirmou. 

A demissão de Jânio de Freitas, desligado da Folha de São Paulo após décadas de serviços prestados foi assunto de um comentário recente de Mário Kertész e ainda foi pauta de entrevista com a jornalista Cristina Serra. O colunista Xico Sá também escreveu sobre o assunto.