"Humoristas sofrem bloqueio criativo por medo de cancelamento", afirma Pisit Mota

O programa Revele!, da Rádio Metropole, trouxe à bancada o ator e humorista Pisit Mota, líder da +1! Filmes, produtora de esquetes baianos que retorna agora após nove anos de pausa. Na conversa, cujo tema girou em torno da polêmica recente envolvendo Leo Lins ao fazer piadas sobre escravidão, Pisit questionou: “se é arte, por que é que tem que ter limite?”

“Até onde você tem a liberdade de intervir enquanto Judiciário, enquanto Estado, na obra de um artista? Onde é que isso está escrito na Constituição? Eu não sou a favor desse tipo de humor, tem gente que consome”, considerou Pisit no programa desta quinta-feira (25). O ator emendou com a observação de que Leo é “um cara muito inteligente, vem de uma família rica, nobre, e é branco”.

E continuou a sua linha de argumentação: “ Ele não vai ser condenado para depois ir a julgamento. Enquanto não julgarem, não condenarem, ele não deve nada à Justiça. É processo”. Para Pisit, é preciso “consciência de respeitar o direito de ampla defesa do outro”. “Até onde vai essa linha [de censura] aí?”, voltou a indagar. 

“O grande debate é porque [Leo] é um branco que pegou uma pauta negra e bateu. Mas o histórico dele é de ter começado a fazer uma linha [de humor] que é raríssima, é difícil. Uma linha tênue que com uma piada errada, você encera a carreira… Isso é o maior bloqueio [criativo] que tem para o humorista hoje. Você tem que fazer piada para agradar todo mundo. Tem que trabalhar como Jesus”, desabafou Pisit. 

Por outro lado, Pisit afirmou que “a dor dos outros não é piada”. “Eu não vou ao teatro para ser o motivo do riso. Eu me comporto muito assim, e me preocupo quando abordo determinado tema. Na minha piada, sempre tem um protesto de fora. Mas tem um limite”, amenizou.

Confira o programa na íntegra: