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Advogado aponta semelhanças entre Bolsonaro, Hitler e Mussolini: "todo movimento fascista tem proposta de volta ao passado"

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Advogado aponta semelhanças entre Bolsonaro, Hitler e Mussolini: "todo movimento fascista tem proposta de volta ao passado"

Entrevistado na Rádio Metropole nesta segunda-feira (26), Normando Rodrigues falou sobre as raízes do fascismo no mundo e o ato convocado por Jair Bolsonaro no último domingo (25)

Advogado aponta semelhanças entre Bolsonaro, Hitler e Mussolini: "todo movimento fascista tem proposta de volta ao passado"

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 26 de fevereiro de 2024 às 10:17

O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, neste domingo (25), contou com a presença de 185 mil pessoas, segundo estimativa do grupo de pesquisa do "Monitor do debate político", da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Para o advogado Normando Rodrigues esse número não é surpresa, mas o que ele representa precisa ser enfrentado. Consultor e assessor jurídico CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da FUP (Federação Única dos Petroleiros), ele foi entrevistado à Rádio Metropole nesta segunda-feira (26) e falou sobre as raízes do fascismo no mundo e o que há em comum entre Jair Bolsonaro, Adolf Hitler e Benito Mussolini.

“Não é nenhuma surpresa. Bolsonaro foi eleito em 2018 com 38% do colégio eleitoral brasileiro. É um percentual muito mais alto do que o que Benito Mussolini jamais teve de aprovação e de votos e é um percentual ligeiramente mais alto do que o que Adolf Hitler teve de aprovação e de votos na Alemanha. É muito preocupante, mas é um enfrentamento que a gente tem que fazer na base do amor, da igualdade e dos princípios humanísticos”, afirmou o advogado, citando ainda uma pesquisa do Instituto Atlas, que apontou que 36% da população brasileira apoiaria caso o ex-presidente decretasse estado de sítio, como previsto no documento que ficou conhecido como “minuta do golpe”.

Normando iniciou a entrevista contestando a ideia de que ideologia é justificativa para aqueles que pensam diferente. O advogado traduziu o termo como a lente pela qual as pessoas enxergam o mundo. “Na lente do fascismo, a política é negada por políticos, as massas são manipuladas em seus ressentimentos e seus ressentimentos são transformados em ódio. É a violência, seja ela do Estado, de grupos de extermínio ou, que substitui o debate político”. 

“O fascismo tem uma pedra de toque, onde ele começa, onde ele pode explorar o ressentimento, o ódio para negar a política. É na identificação e segregação do adversário a ser exterminado. Não é um adversário a ser combatido politicamente, derrotado nas urnas, é um adversário a ser exterminado”, disse. 

O advogado apontou ainda semelhanças entre os movimentos de Hitler, Mussolini e Bolsonaro. De acordo com o advogado, na lente do fascismo há sempre uma proposta de volta ao passado. Com o italiano, a ideia era retomar a grandeza da Roma Imperial, já para Hitler o fascínio era pelo Sacro Império Romano-Germânico. Bolsonaro, por sua vez, traz como ideal o período da Ditadura Militar. “Só que ele foi mais eficiente, ele propôs uma volta a 1964, mas colocou a indústria brasileira no mesmo patamar de 1910, com relação ao peso dela no PIB da nação”, afirma.

“E essa volta ao passado tem uma mitologia que é: vamos voltar aos tempos em que as coisas eram como deveriam ser, homem era homem, mulher era mulher, mulher tomava conta do homem e das crianças, Deus era louvado na igreja e dentro de casa, as coisas tinham que ser assim, precisamos voltar ao passado. Só que é um passado que nunca existiu, a Idade Média nunca foi a Idade Média que Hitler tinha na cabeça, a Roma Imperial nunca foi a que Mussolini tinha na cabeça e a ditadura nunca foi a ditadura que Bolsonaro tinha na cabeça, foi uma ditadura de absurdo, de atrocidades e não só dos crimes, mas do desvario econômico, o milagre brasileiro ele cobrou sua conta na década de 1980”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: